BIOLOGIA NO
VERÃO
Da ribeira dos Vales para o rio Torto e deste para o Àquapólis...
Inserido no programa da Ciência Viva no Verão, a Câmara
Municipal de Abrantes este ano mandou por duas vezes os seus munícipes à ETAR, ou melhor escrevendo, promoveu duas visitas de estudo ao tratamento da trampa que produzimos!
Uma destas visitas aconteceu em 21 de Julho à ETAR da Cabeça Gorda e outra, em 27 de Julho, à ETAR da Fonte Quente de
Alferrarede!
Como o homem é um animal de hábitos e agarrado pelo
vício das etares, vai daí, munido de armas e bagagens, este intrépido meteu-se ao caminho, indo visitar a ETAR dos Barros,
em São Facundo!
Tanto longitudinal como
transversalmente, as ruas encontravam-se remendadas na
capital dos gafanhotos!
Se entretanto aquilo não levar um tapete betuminoso em
condições, aos primeiros aguaceiros abaterá cerca de 10% na compactação do pavimento, tão sómente
porque os habitantes foram “obrigados” a desfazer-se das fossas
sépticas, dispendendo 242 €uros do seu
bolso para a ligação das águas residuais à rede adutora “privada” de esgotos que encaminha a porcaria para o nóvel Sistema de Saneamento de São
Facundo!
Dentro deste âmbito cá o Cidadão resolveu inserir algumas caixas de
mensagens constantes das facturas da água dos Serviços Municipalizados de Abrantes no sentido de
educarem os seus fregueses na prática de uma politica ambiental eficaz...
Evidentemente que tais medidas não são
aceites de ânimo leve porquanto o dinheiro custa a ganhar e elevadas tarifas se impõem aos munícipes de São Facundo e os retardatários verão a
taxa de ligação à adutora da “privada,”
elevada para o dobro do valor inicial!
Seguindo o rasto do alcatrão remendado, a coisa foi ter a
um estradão de terra onde a quinhentos metros mais adiante desemboca numa
simpática ETAR!
Não houvera lá chegado e já as papilas
olfactivas ousavam efectuar a primeira recolha sensorial, porquanto na região fedia a mesclagem de trampa e lodaçal!
Reparando melhor, o murete
do portão de acesso ostentava esta placa alusiva onde se lia que a inauguração
do dispositivo se deu a 20 de Março de 2012, na presença de sua excelência o senhor Secretário de Estado do Ambiente e
Ordenamento do Território, Pedro Afonso de Paulo... excelentíssima senhora Presidenta da Câmara, vereadores e seus acessores...
-Ah!
Corrija-se que "mentirosa” se escreve com um “S” e não
com um “Z"!
Naquele dia, Pina e acessores fizeram um papelão!
Acontece porém que a 1
de Setembro deste mesmo ano, aquilo ainda não funcemina!
Escalando as barreiras adjacentes era fácil perceber
que em tanta alvura, só de sabrinas calçadas ali se acedia, naturalmente
porque a Estação de Tratamento de Águas
Residuais dos Barros teria sido concebida segundo a arquitectura e o design do Centro Escolar da Bemposta!
A vedação representará o soto e o genkan não é para se sujar!
Meia volta dada ao quarteirão se bem quando uma manilha
espreitando a jusante do complexo residual e encaixada ao fundo de uma barreira
de pedras, vomitava contínuamente decalitros de porcaria pura, escorrendo a céu aberto pelo ribeiro dos Vales, que na zona os idosos
apelidam “ribeiro dos Carvalhos”!
Pois bem, era dali provinha o tal
aroma que galgava as encostas e se entranhava nas narinas dos munícipes!
Por enquanto as maquinetas de depuração por fases não
faziam coisa alguma!
Tratamentos preliminares de tamisação, desareamento e desengorduramento, tratamento biológico por lamas activadas em arejamento prolongado, leito de secagem de lamas, e câmara de contacto para desinfecção e medição de caudal... tudo a viver à custa do orçamento público...
Indagando os habitantes, explicaram que de facto aquela treta nunca produziu até agora, que desde a sua inauguração
vêm suportando cheiros nauseabundos, dia após noite, aguardando pacientemente
pela baixada da Electricidade de Portugal que mais parece uma obra de Santa Engrácia idêntica a tantas outras que nos vão habituando!
Decorridos cinco anos de
planificações, será o mesmo que a Câmara
passar licença de exploração a um estabelecimento sem que esse possua
infraestruturas imprescindíveis ao seu funcionamento!
Porém não deixa de ser um excelente local para respondemos a este questionário:
Torna-se enriquecedor em termos biológicos, na medida em que os cursos de água se
saturam de matéria orgânica e biomassas, desenvolvendo plantas decompositoras
de elevada toxicidade que consomem o oxigénio, aniquilando o ecossistema
ribeirinho, contaminando os níveis freáticos e comprometendo a qualidade da água
potável que escasseia e é essencial à vida!
A agricultura e a pastorícia envolventes ao ribeiro dos Vales e ao rio Torto sujeitam-se à contaminação por
ovos de parasitas, fungos, vírus e bactérias que podem desenvolver surtos de esquistossomose,
febre tifóide, leptospirose, tuberculose, hepatite, cólera e outras doenças
congéneres no ser humano, engrossando as listas de espera nas urgências hospitalares do Médio Tejo e no Serviço Nacional de Saúde!...
Isto, quando não é do cú, é
das calças.
O município
fomenta o término das fossas sépticas obrigando os munícipes a largarem o
caroço e seis meses depois vem a “privada”
desculpar-se com a ineficiência da EDP em concretizar a baixada para colocar a
porcaria em circulação interna e tal como se de água lhes escorresse por entre os dedos, manda
a Abrantáqua diariamente uma
viatura cisterna para recolher os esgotos que não chegam a escapar para ribeiro!
Tivesse o particular por falta de condições despejado dejectos num curso de água e estaríamos perante
um crime ambiental, mas, sendo a Abrantáqua
a fazê-lo, não passa de uma aborrecida discrepância de tempo entre o solicitado
e o concretizado.
Nesta altura do campeonato
já o ciberleitor reparou numa fusão entre Serviços Municipalizados e a Abrantáqua, a privada que gere os esgotos
de Abrantes...com um Pina pelo meio?
-Serão cenas monstruosas de capítulos vindouros...
A entrada em
funcionamento desta ETAR dos Barros
ainda se dará antes da privatização dos serviços de abastecimento da água aos munícipes?
A propósito... há cerca de um ano o município fez uma recolha para análise laboratorial, de amostras da
espuma que se forma a jusante do açude
insuflável do rio Tejo, aos pés de Abrantes...
Alguém saberá dar côr do
resultado?!
4 comentários:
Boas Cidadão.
Pois é, construiram a ETAR mas sem corrente eléctrica para fazer funcionar as máquinas. Um exemplo acabado de gestão à la portuguesa.
Claro que esta situação é de uma enorme gravidade no que respeita à saúde pública e um atentado ecológico que deve ser denunciado. Quando é para inaugurações não há atrasos nem falhas organizativas com os políticos locais e nacionais a marcarem presença ao lado dos amigos do TACHO. Quanto custarão aos munícipes, estas inaugurações e as limpezas diárias da fossa colectiva?
Mas pronto, em tempo de troika não se limpam armas e o governo decidiu comprar cinco centenas de carros novos, colocados à disposição dos "pobres" servidores do estado.
cumprimentos ao Cidadão
Caríssimo,
mais um exemplo, sem necessidade de invocar o prazer que era caracolar entre o Pinhão e Mirandela.
Boa malha.
Força! A cada Dâmaso aplicar a receita do Eça.
Ciber RL!
Pertinente, este seu comentário!
Um provinciano que foi parar a Lisboa, sujeito baixote, farto de carnes e extremamente convencido, de um pedantismo sem igual, envergando paletó e gravata azul claro, com laivos de chiquérrimo au franciú, tentando exibir-se junto da society e colando-se a Carlos da Maia que tomou por seu ídolo, ostentando gabarolices e presunções sobre a sua vida, não fosse ele sobrinho de Mister De Guimaran...
Assim era Dâmaso Cândido de Salcede, personagem de “Os Maias” que Eça de Queirós retratou na sua obra como um dos estereótipos transversais a todas as épocas.
“Coitado, coitadinho, coitadíssimo, mas extremamente ditoso” exclamava João da Ega!
Por cá encontramos um “João D’Arega” que também se enquadra dentro do contexto literário.
Eça visionário, ou uma questão de genética, porquanto hoje em dia não nos é difícil cruzarmos com estas figurinhas.
Mande sempre bitáitadas!
Caro Horta F's.!
O Português faz tudo em cima do joelho, principalmente se for para ficar bem na fotografia.
Será que o Secretário de Estado do Ambiente e Ordenamento do Território tem conhecimento que aquilo se encontra em tais condições?
Afinal estas coisas do ambiente são para levar a sério ou não passam de charme da moda, um “vamos brincar à caridadezinha”?
E a Troika saberá das despesas suplementares que resultam duma ETAR inactiva?
No que tocou a inaugurar o caroço largado pelos munícipes, foi feito, no que toca às despesas com a manutenção do sistema de depuração das águas residuais é o jogo da batata quente entre a Câmara de Abrantes, a Abrantáqua e a EDP a arrastar-se vai para quase meio ano!
Talvez aleguem a Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso!
Uma vergonha!
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