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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os objectivos pretendidos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, padronizadas, politicamente correctas, adormecidas... ou espartilhadas por fórmulas e preconceitos. Embora parte dos seus artigos se possam "condimentar" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade de expressão" com libertinagem de expressão, considerando que "a nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros"(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico, dinâmico, algo corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausado, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas incursões, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell). Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de interessantes sítios a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão abt com alguma dessas correntes... mas tão só a abertura e o consequente o enriquecimento resultantes da análise aos diferentes ideais e correntes de opinião, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais, válidos e úteis, dando especial primazia aos "nossos" blogues autóctones... Uma acutilância aqui, uma ironia ali, uma dica do além... Assim se vai construindo este blogue... Ligue o som e... Boas leituras.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

O GENERAL


O GENERAL


  Talvez porque todos andamos entretidos com os monges do Convento de Santo António, no sítio das bicas, ora feitos em hortelãos na Quinta de Arca D’Água, ou que as atenções estejam centradas na regeneração do Rocio ou Praça do Príncipe Real, hoje Jardim da República, o certo é que esta figura de vulto nascida em Rocio ao Sul do Tejo, ficou algo esquecida na rota das antevisões Ibéricas...
Cá o Cidadão tem por sistema dar um compasso de espera às situações anómalas para as quais vai sendo alertado ou com que se vai defrontando, tanto com o intuito de dar primazia aos órgãos de comunicação social que têm o direito de ganhar o seu, como para permitir espaço de manobra às entidades competentes na correcção das mesmas, tentando evitar constrangimentos do “cada tiro, cada melro.”
Assunto que o blogger Aqui-Ali-Acolá oportunamente já não tivesse abordado, estas bitáitadas rondam os calcanhares do General desmembrado pacientemente prostrado na junção entre a Rua do Montepio Abrantino e a Rua 17 de Agosto de 1808.
Homem de filosofias, matemáticas, engenharias e acérrimo militante do então Partido Regenerador, à sua época desempenhou um papel determinante do desenvolvimento tubucciano porquanto foi eleito deputado pelo círculo de Thomar, ao qual a mui nobre Villa de Abrantes pertencia e onde permaneceu empoleirado por cerca de duas décadas.
Entre outros epítetos de âmbito nacional e militar, o General tomou a iniciativa de fundar a primeira infra-estrutura que canalizava água potável directamente para um reservatório instalado no recinto do Castelo a mil e trezentos metros de lonjura, redistribuindo-a para as habitações da notável Villa de Abrantes, vencendo o desnível de aproximadamente quatrocentos metros...
...acima do lugar onde a dita maquineta fora instalada, junto à Ribeira de Valle de Rãns, na estrada que nos demanda ao Carvalhal e outrora a Villa de Rey.
Algo parecido com isto:
Possante bomba de água movida a vapor, encastrada em edifício de consideráveis dimensões ladeado por enorme chaminé em tijolo maciço, foi a obra genial que veio resolver os problemas higiénicos e de plebeica desidratação tendo-se assim estriado algo tecnologicamente avançado, como foi o primeiro abastecimento público de água potável ao Cabeço... cuja inauguração culminou em grande festança!...
A Fábrica da Água.
Um bocado ruidosa e poluente, mas inovadora para a época.
O lobisomem seria a personagem que mais se queixaria com a proeza porque nas fases aluadas o engenho o impediria dormir durante o dia, vendo-se desgraçado com a fotofobia que não lhe permitiria fazer a conveniente depilação e um corte de unhas apresentável...
Antes da demolição do edifício, a última coisa que ali esteve inter paredes foi a Sociedade Columbófila com bandos de pombos de peito feito metidos atrás das grades, aguardando ansiosamente que lhes concedessem ordem de soltura para darem asas aos seus sistemas de posicionamento global.
Um desmesurado arrulhar, portanto.
Não esqueçamos que foi o General quem pela primeira vez fez chegar a água potável ao alto de Abrantes!
Hoje aquele espaço está assim:
Ali, ainda existem vestígios do fontanário da Fábrica da Água...
Depois dos celtas, dos romanos, dos godos e dos mouros, chegara a ocasião do General parceiro do reino implementar uma rede de vias de comunicação terrestre que ligava a notável Villa de Abrantes aos concelhos limítrofes de Mação, Villa de Rey, Ponte de Sôr, Thomar e Punhete, das quais ainda hoje poderemos encontrar indícios in-loco.
 A construção ou melhoramento dos cais de Rio de Moinhos, Tramagal, Rossio, Caldellas, Allamal  e o corte de rochedos subaquáticos que assoreavam o rio Tejo para que as embarcações navegassem em segurança, devem-se a este homem de verdes tonalidades...
Hoje os embarcadouros servem mais para intrigar o viajante, picnicar ou tocar o instrumento da banda do que para qualquer outra coisa que se relacione com muletas, catraios, varinos e fragatas...
O General dos quatro costados dinamizou a Associação de Socorros Mútuos, hoje Montepio Abrantino, cujo edifício lhe é fronteiro.
A figura representada neste pedestal foi quem promoveu a construção da maioria dos edifícios escolares e implementou as estações telegráficas da região, razão de sobra para que se tornasse pessoa bastante considerada no meio.
A 27 de Junho de 1929 o General foi homenageado a título póstumo pelo povo da notável Villa de Abrantes com o descerrar do busto desmembrado, no extremo da Praça Barão da Batalha, exactamente no tal Centro Histórico que ora muito se venera e certamente se regenera.
A partir de 5 de Fevereiro de 1890 o General “viu” o seu nome atribuído à antiga Praça da Palha de Cima que também se designou Largo do Encontro e ultimamente Largo Ramiro Guedes, como podereis consultar na folha seis da acta camarária nº 24 que achareis no Arquivo Histórico Eduardo Campos.
Saliente-se que em 1976, ainda sem o boletim dos Passos do Concelho nas impressoras, se trocavam as identidades das pessoas, porque à Praça da Palha de Cima foi-lhe dada a toponímia do escritor e poeta Ramiro Guedes de Campos, porém na suposição que este ilustre tivesse sido o grande defensor da causa republicana, Dr. Ramiro Guedes...
-Cabecinhas no ar!
Com o abastecimento de água a partir da Estação Elevatória da Cabeça Gorda, a introdução das portagens na Auto-estrada 23 e a construção dos novos Centros Escolares, o General tem vindo a perder protagonismo...
O busto do General José Alves Pimenta de Avelar Machado, concebido por Ângelo Teixeira continua ali no centro da cidade, plantado sobre o pedestal da autoria de Raúl Lino e envolto na luxuriante vegetação que anárquicamente progride no canteiro, sugerindo inovador conceito de revitalização, baseando-se no princípio elementar de selva urbana.
Tendo o bom militar que dominar a arte da dissimulação para assim surpreender sem ser surpreendido, poderá este cenário tornar-se num perfeito exemplo de camuflagem.
É expectante que o conjunto escultórico desapareça envolto no diversificado reino vegetal até que uma geração vindoura tenha achado o General M, convicta que esta figura se tivesse tratado de renomeado rapper nacional!
- Altamente!
Apesar de na notável Villa de Abrantes se cultivar o visual e para garantir a descontinuidade da progressão da biomassa quer na horizontal como na vertical inibindo que o General se cubra,crê-se que algum sapador autárquico desbravará tal matagal, com o merecido reconhecimento dos comerciantes do Centro Histórico e uma forcinha deste post......