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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os objectivos pretendidos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, padronizadas, politicamente correctas, adormecidas... ou espartilhadas por fórmulas e preconceitos. Embora parte dos seus artigos se possam "condimentar" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade de expressão" com libertinagem de expressão, considerando que "a nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros"(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico, dinâmico, algo corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausado, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas incursões, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell). Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de interessantes sítios a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão abt com alguma dessas correntes... mas tão só a abertura e o consequente o enriquecimento resultantes da análise aos diferentes ideais e correntes de opinião, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais, válidos e úteis, dando especial primazia aos "nossos" blogues autóctones... Uma acutilância aqui, uma ironia ali, uma dica do além... Assim se vai construindo este blogue... Ligue o som e... Boas leituras.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O ESPECTRO

O ESPECTRO


  Cá o Cidadão levou alguns dias a recuperar da apatia antecedida do estertor em que caiu, após ter assistido a um dos mais rocambolescos episódios da sua vida, concluindo que de facto há pelo menos um fantasma em Abrantes
Oh! Sim! Segundo consta, as catacumbas do Paços do Concelho e do Palácio Falcão estão assombradas por enorme avejão que amofina os edis em todo o lugar!...
A cena foi de tal forma avassaladora que para além de empossados, terá deixado os protagonistas assombrados, possuídos, empoçados, possessos e com o protagonismo em baixo de forma devido à súbita aparição dum espectro de tal forma impactante que nos últimos dias pelo burgo não se tem falado noutro assunto, convidando à redacção de mais esta fantástica crónica num só acto!
Como que anunciando algo de paranormal, pairava um suave aroma a arruda traçada a rosmaninho queimado no ar naquela memorável tarde de Sábado 19 de Outubro...
Respondendo ao convite para a Cerimónia de Instalação dos Órgãos Autárquicos, numerosos transeuntes iam-se acumulando junto à Escola Doutor Manuel Fernandes enquanto o tempo escorria lento sobre a linha avermelhada do horizonte onde os raios de Sol teimavam em rasgar as nebulosas farripas...
Assazes minutos vencidos foram suficientes para que a noite de Lua Cheia se pressagiasse sobre os negros e cinzentos automóveis de gama alta que iam disputando os cada vez mais escassos espaços de estacionamento, à medida que as imensas cadeiras perfiladas no amplo auditório da escola aguardavam os ensurdecedores murmúrios dos convidados que nelas se acomodavam se bem quando a ténue essência da arruda entrecruzada a laivos de rosmaninho foi abafada por caprichoso odor a Denim do vulto do humanóide que ousara retalhar o pertinaz clarão proveniente dos espessos cortinados que dissimulavam as portadas do auditório...
Perante o espanto dos presentes, a sinistra figura que ora se erguia, ora aparentava pairar rente ao soalho, foi-se acomodar numa das poucas cadeiras livres do auditório, cuja mingua dos murmúrios denunciava a apreensão dos convidados perante tal aparição...
Não houveram soado as pancadinhas de Molière e já o espectáculo parecia ter começado...
De um extremo ao outro, a corrida mesa plantada no palco foi sendo preenchida pelas personalidades do fim de tarde, constando do arranque da cerimónia de tomada de posse dos órgãos autárquicos futuramente a vigorar no Concelho de Abrantes durante os quatro seguintes anos...
O público ia partilhando as atenções entre os movimentos do palco e a lúgubre figura, qual estátua de cera que permanecia queda e em soturno silêncio...

-Oh! Pá! Esse gajo não tem vergonha nenhuma...
-E alguns destes que aqui estão, terão alguma vergonha? Se o gajo veio é porque deve ter sido convidado... não?
Ouvia-se na plateia...

-Aquele ali não é o Barão Vermelho?
A indagação de alguém para alguèm...

-Olha! Olha! O patrãozinho veio felicitar o seu padrinho...
Soou noutra direcção...

-Bolas! Que desplante! É preciso ter córágem...
-Não sabe que esse Barão já é um mito urbano? Ele aparece e desaparece quando menos se espera...
-Se calhar  o promotor veio liquidar os 1.1 milhões de euros...
Um singelo fragmento de diálogo...

No auditório, o clima social mais se assemelhava ao ambiente do “Fantasma da Ópera” porquanto lá fora já a noite se instalara e as luzes se acendiam quando o cerimonial passou ao interminável desfilar de assinaturas, abraços, beijinhos, apertos de mão e discursos protocolares, dando-se realce ao cartesiano botado pelo recém-empossado Presidente da Assembleia Municipal que deu largas ao pleonasmo, brindando o público com algumas elipses perante meia plateia embasbacada e a outra meia de ôlho no avejão que encetara em levitar pelo espaço...
Senão leiamos este breve trecho da oração do senhor em questão...
“Pela primeira vez a minha (a nossa) geração olha e vê uma situação em que:
- a economia se afunda “ para baixo”
- a desigualdade “sobe para cima”
- o bem estar “recua para trás”
- a prosperidade vira empobrecimento
- o progresso vira retrocesso
- a democracia europeia arrasta os pés
- o passado nacionalista e xenófobo parece ressuscitar
- os fantasmas dos autoritarismos começam a renascer”

Decerto que a alusão aos fantasmas autoritários, terá consistido numa ode dirigida ao Barão Vermelho...
Se quem compôs este excelente discurso foi o mesmo doutor que redigiu o protocolo da negociata com o Fantasma da Assembleia, perdão, com o Barão Vermelho, terá que rectificar o seu erro gramatical no termo desligitima para um singelo “deslegitima”. Porém, nada de preocupante, mas há por aqui um pormenor que agradou ao Cidadão...
Enquanto a re-presidenta e respectivos órgãos da comunicação social regionalista subsidiados pelo regime se fartam de bradar aos Céus que os sufrágios autárquicos deram uma retumbante vitória aos reinstalados, este seguidor de Descartes terá por ventura mijado um bocadinho fora do penico e sido algo mais certeiro com o seguinte tiro no pequenito e quão singelo pé da presidenta:
“O espaço público da cidadania contrai-se. Os cidadãos eleitores afastam-se: a abstenção, o voto branco e o voto nulo crescem.
Nós, todos nós, acabámos de ser eleitos pelos cidadãos eleitores de concelho de Abrantes.
Primeira nota a registar:
- de modo genérico fomos eleitos com menos votos. Mas com mais votos na abstenção, nos votos brancos, no voto nulo.
Precisamos de ter a humildade de andar com isto na nossa cabeça. Tirar as devidas lições. Agir em conformidade”

Teria naturalmente sido com este excerto que a plateia vibrou, estremeceu e olhou de soslaio para a alma penada... perdão, Barão Vermelho!
“4.2 No País precisamos de cultivar uma cidadania exigente. Exigir reformas sérias e profundas no sistema e nas instituições políticas – e lutar por isso nos nossos partidos e nas instituições onde estamos.
Desde a exclusividade no exercício de funções de representação, nomeadamente de deputado, à alteração da legislação eleitoral e redefinição dos círculos, a realização de primárias abertas aos cidadãos para a escolha de candidatos a cargos de representação social, à abertura a candidaturas independentes também à AR, o combate à corrupção, a criminalização do enriquecimento sem causa lícita, a promoção da ética e da transparência no Estado e na Administração – a exigência de uma justiça que funcione: eis alguns tópicos de devem e temos que colocar no debate político”
No final da cerimónia e face a quão sublime discurso, flutuando frente à assistência estarrecida sem antes ter pairado um bocadinho sobre a mesa da Assembleia, o espectro do Barão Vermelho pousou suavemente rente ao palanque, expectando-se que trazendo consigo o tal cheque de um milhão e cem mil euros do povoléu e que perante tantas testemunhas aproveitaria o momento solene para o entregar à presidenta do município tubuco... dando a boa nova que desta feita arrancaria em força com o mega-projecto do Casal Cortido...
-Mas não!!!
Mais uma vez a montanha parira um rato porquanto o espectro apenas pretenderia saudar os presentes, felicitar os ganhadores e desejar boa sorte ao recém-constituído executivo! 
Concluído o discurso, diga-se de passagem que terá sido um alívio para os presentes que não sabiam muito bem se às páginas tantas o Barão Vermelho se transformaria numa temível hidra de sete cabeças!!!
Dali os expectantes rumaram a jantarada tal, onde o restaurante contratado para servir as orgásticas refeições teve oportunidade de demonstrar bom gosto na decoração e enorme habilidade geométrica!
A barracada toda é se num destes dias o Barão Vermelho aparece por aí, liquida os 1.1 milhões de euros ao município abrantino, constrói as famigeradas fábricas de painéis fotovoltaicos e cria os prometidos dois mil empregos homofóbicos... 
Como estamos perto do Natal...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A MANCHETE


A MANCHETE

 Subestimando as boas relações entre as cúpulas de ambos os países e entendendo que a pasta dos Negócios Estrangeiros seria monótona demais, resolveu o Rui Tuga substituir-se aos jornalistas e arriscando-se a ir parar ao olho da rua, fez manchete na coisa diplomática enchendo as medidas dos órgãos de comunicação social de duas nações e demais países interessados na contenda!!
Numa de bilateral foi visitar os magnatas dos diamantes e do petróleo angolano e supondo que o seu antecessor Paulinho das Feiras o desconhecesse, desatou a palrar para os media e homólogos angolanos que em Portugal, para além das duas filhas do Kitumba, haveriam mais onze altas patentes do país anfitrião suspeitas no envolvimento em matérias ilícitas e sob investigação no Departamento Central de Investigação e Acção Penal do País visitante!!!
Como não há fumo sem fogo nem corrupto sem corruptor, a tempo oportuno imiscuiu-se um ex-embaixador angolano, denunciando que no verso da moeda estarão o dobro de gestores portugueses topo de gama ligados à banca, à energia, ao direito, à construção civil e à distribuição, envolvidos na mesma substância penal!
- Ora "porra"! 
(Atenção que isto não é a Adega de Alcanhões)
Ignorará o Rui Tuga que a cooperação luso-angolana é bilateral em todas as frentes e linhas?!
diplomata português menosprezará as regras protocolares de etiqueta e boas maneiras que desaconselham ao hóspede apontar os defeitos do anfitrião sob pena se candidatar a situações constrangedoras como esta?
Abnegará este Ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros que o preço do petróleo, a cor do dinheiro e o valor dos diamantes suplantam as meras questiúnculas judiciais? 
Não lhe terá o antecessor posto ao corrente destas regras de ouro?
O Jurista desconhecerá que o vil metal corrompe e que ganharia mais em estar calado, evitando constrangimentos diplomáticos entre as cúpulas dos dois países?
Não entenderá o ministro em exercício que quanto mais na porcaria se mexe, mais ela cheira?
Por ingenuidade desejaria o diplomata alterar o rumo da maquinação de interesses bilaterais com profundas raízes nas cúpulas económicas e sociais de ambos os países ou quereria o Parente esturricar a imagem das elites angolanas que vêm deixar milhares de dólares nas boutiques da capital Lusa?
A explicação melhor perfilada é que o Rui Tuga terá batido com a língua nos dentes por não aceder atempadamente à tese de doutoramento em Relações Internacionais por Via da Experiência defendida pelo Senhor Cassola, ex Ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, onde em determinado parágrafo estará definido que as liberdades de comunicação e de expressão são incompatíveis com a cooperação estratégica entre Portugal Angola...
Ao menos que a seu tempo pusesse os olhos no que sucedeu a Pedro Rosa Mendes por se ter esmerado numa crónica inconveniente vertendo sobre tal temática...
O Soba bem garantiu que os portugueses se encontravam em posição privilegiada perante o mercado angolano que num espírito de amizade e cooperação entre povos por aqui investe à fartazana e as reminiscências de proveniência marginal estavam identificadas e isoladas, sendo coisa remetida para o passado...
-Bolas, Rui! Há cenas que têm de ser tratadas com pinças...
Por um lado as oligarquias dos usurários à boleia da Troika e por outro, o capitalismo angolano asfixiando a nossa soberania nacional!
Já no século XV os discípulos de Diogo Cão recrutavam rapariguinhas provincianas para serem oferendadas aos haréns dos reis africanos confirmando que desde os tempos quinhentistas os negócios luso-angolanos suplantam a soberania e a independência do Poder Judicial...
A alarvice com que o Chancerelle fez manchete arrisca a termos de partilhar este solarengo rectângulo com os duzentos mil patrícios que vão fazendo vida nas áridas terras do N’dongo e do Matamba!
Vale-nos que os dissabores de política externa se cingem às cúpulas bilaterais dos Estados de direito onde se confunde diplomacia com interesses estritamente económicos e de âmbito individual...
É que o Kitumba anunciou o fim unilateral da parceria estratégica com Portugal e segundo o andamento da carroça, não tardará muito em também enviar o Colar da Ordem do Infante D. Henrique pelo esgoto abaixo...
Nem com a crise diplomática do Mantorras nos tempos sócratinos representado interncionalmemnte  pelo ministro mais bem Amado, este fulano a quem foi delegada a representação internacional da aliança Passos-Portas aprendeu a lição de que a República não deverá andar às turras com os magnatas angolanos!
Alguém tem dúvidas que este arrufo diplomático será reconciliado em nome do petróleo, do sangue do Cuangodas pedras das Lundas, do Tchege Malanje?
Até à data em que este post foi publicado, os Kitumbas de lá têm sido mais espertos do que os Kitumbas de cá...

sábado, 5 de outubro de 2013

OBRIGADA!

OBRIGADA!


 Aqui, continuamos juntos. OBRIGADA!” 
A parangona que a seguir às Autárquicas de 2013 poderemos encontrar publicitada em enormes cartazes plantados junto às rotundas deste quão peculiar concelho de Abrantes...
A máquina partidária dos socialistas tubucos enveredou por uma eficaz estratégia de marketing político tendo surgido em força no terreno ao anunciar a novel e promissora Comissão Autárquica para a Cidadania, conseguindo aglutinar cidadãos algo mediáticos e simpatizantes de outros quadrantes ideológicos em torno de uma causa subdividida em reuniões sectoriais, iniciativa que d’ora avante se irá desvanecendo por ordem natural, confirmando a sina de que o tempo tudo cura...
Tal como aconteceu há quatro anos com a Cidadania XXI.
Alguém se lembrará disto?
Foi a rápida recuperação e repintura de vias públicas e muitas outras pequenas obras de fachada associadas a uma catadupa de iniciativas lúdicas, desportivas e culturais que só voltarão a repeti-se daqui a quatro anos, sendo 60 mil euros da comissão política investidos na máquina propagandista, em reapresentações dos candidatos de freguesia em freguesia, na redistribuição de brindes logotipados, na sucessiva remodelação de outdor’s, nas idas aos mercados e outros insistentes contactos com as populações locais, foi a abertura de um gabinete de atendimento personalizado no 18 da Rua Luís de Camões em que o poder autárquico se fundiu com a concelhia do partido aglutinando a imagem de algumas figuras semi-públicas nas áreas do desporto, da cultura, do comércio e da indústria... 
Estações autárquicas de dois em dois anos seria o ideal!
Aqui, funcionaram as teses de Friedrich Hegel em articulação com a emissora de ondas hertzianas subsidiada pelas parcerias municipais.
Parabéns aos gestores publicitários!
É certo e sabido que parte significativa da população de Abrantes assume a sigla do partido no poder como de identidade clubista se tratasse, ao ponto da comitiva durante as arruadas ter envergado camisolas uniformes de inspiração desportiva, propagando a ideia de coesão e em contrapartida os demais candidatos remeteram a sua projecção popular para os últimos quinze dias onde pouco mais fizeram do que afixar alguns cartazes, não se esmerando no trabalho de campo, não se apresentando nem promovendo rotinas de insistentes contactos com as populações, revelando falta de tenacidade e notória passividade que aos olhos das gentes bem poderá ter sido interpretada como comodismo algo nefasto para a hipotética gestão do município.
Sabemos que directa ou indirectamente, a Câmara Municipal de Abrantes é o maior empregador do concelho e que bastantes empresas e comércio local contam com os organismos municipais e estaduais para as tirar do sufoco económico e as relançar no mercado, apostando num elenco sobejamente conhecido que lhes inspire confiança nos objectivos a atingir, em detrimento de outros candidatos menos projectados no território, sendo certo que uma parte informada da população, especialmente das zonas mais densamente habitadas, ciente dos grandes fiascos financeiros da gestão municipal, interpretará tal esbanjamento de erário público com oliveiras centenárias e demais negociatas de imobiliário alienado por um décimo do valor de aquisição ou do valor matricial como sinónimo de abastança económica do município e no subconsciente as clientelas ensaiarão o trampolim municipal para alavancagem à subsidio-dependência em articulação com os organismos estaduais de cariz europeu, enquanto a outra metade da população se abnegará aos sufrágios... 
Entendemos que cada vez mais o ser humano é impelido por interesses e contrapartidas em detrimento das causas e princípios, não sendo por acaso que um dos estandartes durante a campanha eleitoral se sustentava no pedido do voto de confiança, porta a porta, fundamentado nos resquícios familiares, no amigo da câmara, da junta de freguesia ou de outra entidade administrativa que em determinada ocasião despachara um processo mais ou menos emperrado, satisfizera uma necessidade, correspondera a um pedido, mandara limpar o caminho, promovera a recuperação do fontanário ou tenha dado parecer favorável a uma reclamação, como se tais "obséquios" extravasassem as tarefas administrativas dos candidatos e suas arrastadeiras, no âmbito das funções que lhes foram delegadas.
"Em terra de cegos, quem te um olho é rei" será um provérbio inversamente proporcional ao grau de conhecimento e literacia das sociedades. 
Por exemplo... cá, continuamos eternamente agradecidos!
É disso exemplo a população de Oeiras que prefere ser administrada pelo Isaltino Morais “em cadeia de comando,” do que por um Moita Flores à solta!
Registando-se uma afluência às urnas de 51,92% num universo dos 18.210 votantes entre os quais, 887 munícipes votaram em branco por razões de insatisfação aliadas ao receio das consequências pseudo-administrativas inerentes a não anotar a sua participação cívica nas listas, perfazendo 17.323 eleitores.
Questionemos-nos pois, sobre o que é feito dos restantes 16.865 abstencionistas?
Não acreditando em zombies e considerando que o último recenseamento eleitoral remonta ao ano de 2012, teremos que reduzir os abstencionistas em 10% por razão dos óbitos não aventados dos cadernos eleitorais e se lhes  juntarmos os 5% que desistiram de viver neste lindo jardim à beira mar plantado, optando por outras paragens mais hospitaleiras, contabilizaremos 14.420 indivíduos em que um número residual poderá não ter tido oportunidade de se deslocar às mesas de voto, sendo axiomático que a maioria dos netos dos homens que nunca foram meninos não se encontra motivada para as questões sociais nem sensibilizada para as causas de cidadania, subvalorizando os actos cívicos em prol das actividades lúdicas.
Reparemos que na noite do escrutínio, os telespectadores dos canais abertos preferiram satisfazer o voyeurismo na apresentação dos concorrentes em mais um reality-show de cariz pimba, em detrimento dos escrutínios autárquicos!
Se mitigarmos os números da emigração e dos óbitos, concluiremos que no país, aproximadamente 3.848.324 munícipes se abstiveram de votar, significando que pelo menos 34% dos portugueses se estão simplesmente  borrifando para as questões políticas e para os desígnios do país que os acolhe... 
Porquê?  
No íntimo bem sabemos que inserido no universo dos munícipes não votantes e daqueles que votaram em branco, reside um enorme leque de decepcionados, maltratados pelo Estado e amargurados com os políticos que regeram, regem ou se propõem reger o bem público, consistindo exactamente numa fatia de cidadãos auto-suficientes que não acredita em discursos fictícios, sorrisos amarelos, abraços, beijos e promessas ocas, nem deposita a mínima confiança em campanhas de sensibilizações oportunistas e diariamente sofre na pele a pressão dos impostos, contribuições, taxas, sobre-taxas e tarifas que sustentam os investimentos em projectos fúteis, megalómanos e sem viabilidade económica, promovidos por gente que vive no conforto dos chorudos vencimentos públicos e subsídios de reintegração e, ou, de deslocação que lhes permite viajar pelos quatro cantos do mundo sob a égide da divulgação das regiões que representam, ignorando, subvalorizando ou depreciando o custo do dinheiro esgaçado ao suor dos que manjam o pão que o diabo amassou.
Neste universo de abstencionistas é comum ouvirmos o slogan popular: 
"-São todos iguais. O que eles querem, é tacho."
A maioria das abstenções e dos votos em branco são evidentes manifestações de desalento e protesto silencioso. 
Ao caso em apreço, vale para com um sistema político que não tem correspondendo para os 43% da população e cuja percentagem funciona como um barómetro que vai oscilando de concelho para concelho consoante o grau de insatisfação e de descrédito dos munícipes para com o poder local! Em Abrantes ganhou a abstenção!
Os políticos caíram no descrédito das populações só se revendo na fidelidade, no clubismo, no comodismo e no clientelismo e salvaguardando nas convicções daqueles que não desistem de acreditar na mudança cada vez mais travestida de utopia...
Valente nação em que os beneficiados são invariavelmente os habitués e atrás da fachada, Abrantes não sendo excepção, também se inclui na regra...
Enquanto parte daqueles que votaram na candidatura vencedora o fazem para defender a sua estabilidade económica e social, a maioria dos abstencionistas e dos que votaram em branco nada perderão com a sua atitude...
Assim, melhor entendemos a mensagem:
“Aqui, continuamos juntos. OBRIGADA!”