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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os objectivos pretendidos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, padronizadas, politicamente correctas, adormecidas... ou espartilhadas por fórmulas e preconceitos. Embora parte dos seus artigos se possam "condimentar" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade de expressão" com libertinagem de expressão, considerando que "a nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros"(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico, dinâmico, algo corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausado, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas incursões, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell). Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de interessantes sítios a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão abt com alguma dessas correntes... mas tão só a abertura e o consequente o enriquecimento resultantes da análise aos diferentes ideais e correntes de opinião, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais, válidos e úteis, dando especial primazia aos "nossos" blogues autóctones... Uma acutilância aqui, uma ironia ali, uma dica do além... Assim se vai construindo este blogue... Ligue o som e... Boas leituras.

sábado, 27 de agosto de 2011

O CROCODILO VII



O CROCODILO VII
Sétimo episódio

  
A situação derrancava-se em lágrimas com a Senhora para um lado e o Cidadão abt para o outro. Quem com uma vela acesa dali se aprochegasse, bem cedo a recolhia... Aquele pranto de modo algum terminava até a aparição ter lançado a seguinte questão...
-Criatura de Deus, que santo é esse, tão feio e verde que trazes no peito?

-Não é um santo. Senhora... é o Hulk...

-O jogador de futebol?...

-Não, Senhora do Pranto... É um ícone da animação! Começou por aparecer nos livrinhos de histórias aos quadradinhos como o alter ego do Doutor Robert Bruce Banner...

-Eiiia ca ganda seca! Criatura de Deus, por ventura nunca passastes por situação mais grave do que este teu sentimento de frustração em busca de um mero crocodilo?

Irra que a bonequinha hologramanizada tornava-se chata com tanta pergunta formulada... depois de pensar um bom bocadito, este praça recordou-se que de facto há bastante tempo... se tinha livrado de boa...

-Sim, Senhora do Pranto! Há bastantes anos estive metido numa situação que ainda hoje não me sai da memória...

-Confessa-me, criatura de Deus, o que foi que te aconteceu assim de tão complicado... há muitos anos...pode ser que a tua alma ainda tenha salvação...

Afogado em soluços e lágrimas que escorriam pelo rosto causando fortes ardores nos arranhões provocados pelos espinhos do balseiro, este praça foi contando o sucedido...


-Há muito, muito tempo, viajava eu de mota... à minha frente seguia um auto-tanque dos bombeiros... à retaguarda vinha uma locomotiva... perseguida por um cacilheiro... Do lado esquerdo... atalhando-me a escapatória, um carro da polícia ia no encalço dum cavalo enorme... mais acima... efectuando voos rasantes à direita da minha nuca, um helicóptero ameaçador oscilava vezes sem conta... o grande problema residia em que todos avançávamos à mesma velocidade...

-Sim... E depois?

-Tentei travar mas tive medo de ser abalroado pela locomotiva e pelo cacilheiro... Se aumentasse a velocidade... enfiava-me debaixo do auto-tanque dos bombeiros... desviando-me pela esquerda batia contra o carro da polícia e se me chegasse mais para a direita... está a ver a desgraça que não seria... de certeza mesmo que levaria com os patins de aterragem do helicóptero pela carola!!!

-Isso sim, foi uma situação bastante complicada... Como te saíste dela... criatura de Deus? Para agora estares aqui, só um grande milagre te terá salvo...

-Sabe Senhora do Pranto... Ainda aguentei aquilo durante uns intermináveis cinco minutos!

-Ai, valha-nos eu, que sou a Virgem Santíssima! Imploraste a São Cristóvão que é o padroeiro dos viajantes!

-Ná!...

-Evocaste São Marçal que é padroeiro dos bombeiros!

-Também não!

-Não sei o que te diga, filho... Deixa-me cá ver...

-A Senhora do Pranto nem calculará como cá o Cidadão abt se saiu desta... mas que saiu, lá isso saiu!!!

-Oh criatura de Deus... Ás páginas tantas... Evocaste Santa Dinfna...

-Quem é essa?!

-Deixa estar... Numa aflição dessas... evocaste um Deus pagão... Por exemplo... Neptuno,Deus dos mares!

-Nhã, nhã, nhã! Também não! Cada vez mais frio...

-Prontos! Já sei! Evocaste a Senhora do Loreto que é protectora dos aviadores!

-Falhou outra vez...

-Então criatura de Deus!!! Descose-te e não me moas mais a paciência!!!

-Reparai, Senhora do Pranto... deixei parar o carrossel... e apeei-me!!!
-Olha! Desapareceu sem sequer se despedir!!!

Exorcizada a bola que lhe ascendia pela  traqueia, este Cidadão saiu bastante mais aliviado e intrigado daquela caixinha das lamentações sem arranjar explicação plausível para a aparição do holograma.
Dando uma voltita pelo outro lado do templo outras facetas da paisagem se lhe foram revelando...
Aquela chaminé tradicional... fazia-lhe confusão ao juízo...
Como seria previsto que o ocaso se daria rente às vinte horas e quarenta minutos, sobravam-lhe três horas e tal de claridade e meio depósito de gasosa... para chegar a caselas...
Acedendo à inseparável Coty deu-se conta que a coitada já não tinha a companhia dos maquinões motorizados que tanto as valorizavam, dando lugar a uns quantos pingos de óleo no empedrado chão...
Ninguém lhe houvera cobiçado o capacete amarelo nem a mochila cor-de-rosa desmaiado com o ursinho Pooh... menos mal...
Colocado o equipamento num corpo sofrido de arranhadelas de balseiros, era tempo de embalar a máquina pela calçada abaixo até entrar em funcionamento, galgando metros sem conta sob a aragem fresca das sombras do casario e descarregada a frustração, nova esperança se lhe foi formando nos neurónios... Deixando a península para trás e seguindo uma estrada asfaltada esta alma rumou à direita até apanhar um caminho que tomava as águas do rio Zêzere. Parou a maquineta, sentando-se numas rochas de onde conseguia outra magnifica contemplação sobre Águas Altas. À distância, este praça ia perscrutando o motor de um barco vogando na massa de água... Uma espécie de zebro cinzento... Um pequeno semi-rígido com dois tripulantes a bordo...que na retaguarda tinha incorporado um arco encimado por pirilampos azuis... pareciam ser dos bombeiros... ná... eram os géninhos... A embarcação foi vogando pelas águas adiante... O de binóculos observava as margens rodando a cabeça até dar com a presença cá do Cidadão junto à sua Coty... Descrevendo um U sobre a esteira de espuma, o bote aproximara-se rápidamente das rochas que este praça pisava... Com o motor desligado a embarcação deslizou suavemente sobre as pequenas ondulações até se vir imobilizar juntinho às havaianas...
-Boa tarde!

Saudou o géninho com divisas verdes formando dois V.

-Boas!

-O senhor... o que faz por aqui?

-Procuro um crocodilo!

-Não brinque com a autoridade!

-Volto a perguntar-lhe... o que faz por aqui a uma hora destas?

-Volto a responder-lhe... ando na busca de um crocodilo!

-Hum... O senhor encontra-se num estado lastimoso... o que foi isso? Caiu da mota?

-Não! Cai num balsêro.

-Hum... está bem... E ainda não se tratou?

-De quê?!

-Desses lenhos na pele... ou do que é que devia ser?

-Ah! não!

-Hum... onde foi que caiu?

-Numa descida de um caminho junto à ponte que une os concelhos de Vila de Rei e Ferreira do Zêzere...

-Hum...Pois... Está bem... e o que ia fazer para esse sítio?

-Fui precisamente atrás do crocodilo, senhor guarda!

-Ena pá! O homem viu o crocodilo!!! Onde? Onde?

Atalhou o agente que se mantinha ao volante da embarcação.

-Não era um crocodilo de verdade... era um crocodilo insuflável que se confundia à distância!

-Estás a ver, Humberto! Bem te disse que o outro avistamento era uma bóia dos cachopos... perdida!

-E os senhores guardas, o que fazem por aqui de barco?

-O senhor não tem nada a ver com isso! Como se chama?

-Cidadão!

-Só Cidadão?! E os apelidos?

-Abt!

-Abt? Cidadão abt?!?

-Yess!!

Parecia que os géninhos tinham visto o Berzebú!

-Você é o famoso Cidadão abt... de Abrantes?!!

-Óh,  messa!

-Eh! Home! Dê cá um abraço!

Foi num piscar de olhos enquanto o inquiridor abandonou a embarcação seguido do outro agente, tendo aquelas duplas palmadas nas costas doído cum’ó carais, não só devido à força imprimida mas também inerente às chagas ocultas pela negra t’shirt com o Hulk impresso no peito e que se faziam sentir a todo o momento...

-Veja bem que até costumo ler as suas crónicas na Internet!

Carregou o agente Humberto...

-Porra! Não fazia idéia que fosse assim tão famoso, carais!

-O que o pessoal se diverte lá em casa! Vai escrever sobre isto?

-Vou, sim senhor!

-Que espectáculo! E nós vamos entrar nessa crónica?

Questionou o agente Timoneiro...

-Vão pois, se aceitarem, claro!

-Está a ler o meu nome aqui na farda?

Retorquiu o agente Humberto...

-Estou sim senhor!

-Peço-lhe o favor que evite pronunciar os nossos nomes na sua crónica...

-Está bem, amigo agente... vou-me referir a si como sendo o agente Humberto... pode ser?

-Muito bom!

-E eu? E eu?

-Pode ser o agente Timoneiro?

-Come-se...

-Vamos ao que interessa... Olha! Olha! O bote está a desandar pela àgua! Vocês não o ancoraram!?

-Eia Humberto! E agora??? Estamos fritos! Temos que despir a farda, pá!!!

-Deixem-se estar que já volto!

E desta feita cá o Cidadão abt não foi em busca do crocodilo mas do bote perdido! Um mergulho e umas quantas braçadas em crawl foi quanto bastou para alcançar o vogante semi-rígido... Tomando a pega por suporte, num impulso este praça descortinara dois remos no chão da embarcação, sendo um instante enquanto a devolveu aos agentes... entretanto reparou que presa ao interior do bote estava uma carabina municiada com anestesiantes, dois rádios transmissores, uma rede de pesca... os potentes binóculos e um chalavar estendido a todo o comprimento do estrado...
A concorrência era forte... Perante um equipamento tão sofisticado... o que poderia fazer o Cidadão abt com o seu capa-grilos? Encharcado mas realizado, este praça foi descortinando conversa...

-Ora onde é que íamos... Ah! Pois! Vocês andam à procura dum crocodilo?

-Somos do SEPNA... e desenvolvemos acções de vigilância em toda a região compreendida a jusante da foz da ribeira do Alge.

-Ah bom... E tiveram sucesso nas vossas buscas?

-Nem por isso...

-Vocês acreditam mesmo que ande por aqui um crocodilo?

-Quer dizer... há várias pessoas a denunciarem a situação das daí até ao ponto daquilo que viram ter sido um crocodilo...

-Afinal são buscas sem fundamento... passear... gastar gasolina... tudo à custa dos contribuintes. Uma boa vida...

 -Repare... o fundamento para essa história dos crocodilos é muito antigo e passa por um casal de holandeses que dizem ter vivido há bastantes anos nesta região... os mais antigos contam que os sujeitos faziam uma vida perversa e tinham uns crocodilos amestrados que até respondiam ao toque de palmas... dizem que há muitos, muitos anos, em certa ocasião foram visitados por um camarada ex-combatente na guerra de libertação da Sumatra que eclodira lá para as bandas da Indonésia. Quando no ano de1949 os holandeses procederam à retirada das tropas, houve dois camaradas militares que trouxeram crias de crocodilo numas caixinhas escondidas nos fundos da bagagem...
Ficando esses bicharocos na posse de um deles, o mais endinheirado e consequentemente reunia melhores condições de vida para sustentar os bichanos... e sendo por cá as leis frouxas no que dizia respeito ao ambiente, o fulano veio habitar para região... como ia contando, o holandês que tinha uma grande pancada ensinou os crocodilos a fazerem umas habilidades... umas porcarias...e assim... bom... como lhe hei-de explicar... badalhoquices... está a perceber? 

Um dia mais tarde quando o outro holandês veio até cá visitar o antigo camarada de armas, logo lhe indagou pelos crocodilos... ao que o holandês perverso lhe explicou que estavam abrigados debaixo da vegetação e o à vontade era tal que até partilhavam a piscina com os humanos... Curioso e emocionado, o visitante pediu ao amigo para lhos mostrar... Vai daí, o holandês de cá bateu as palmas uma vez e de imediato apareceram dois majestosos sáurios exibindo as suas enormes dentições... Bastante assustado e presumindo que corria risco de vida, o visitante recuou uns passos... Nessa altura o anfitrião tranquilizou-o explicando-lhe que os animais era mais mansos do que dois cachorrinhos... para demonstrar a veracidade e a confiança que depositava nos lagartos, logo desafivelou o cinto, arreando as calças... Ao bater das palmas por duas vezes sucessivas, um dos majestoso crocodilos avançou para o residente erguendo-se nas patas dianteiras e abocanhando o membro do seu dono, deixou o visitante horripilado na expectativa de que estaria uma tragédia para acontecer! 
-Olhó meu!

-Shhiuu!Cale-se homem! Ele bem sabia que o ex-camarada era meio maluco e se ainda estava vivo naquele momento, bem o devia ao arrojo temerário com que o camarada de armas o resgatara das catanadas dos guerrilheiros indonésios revoltosos! Pelos vistos, desde esses gloriosos tempos nada mudara nele. Embasbacado de todo, reparou que o anfitrião tirava imenso prazer do tratamento que sáurio lhe estava a aplicar no sexo! Dez minutos depois, o holandês maluco arrumou com dois punhões no toutiço do animal fazendo com que o bicho com extrema delicadeza lhe soltasse o “coiso”. Seguidamente o dono dos crocodilos convidou o ex-camarada de armas a desfrutar das mesmas sensações... ao o visitante lhe respondeu que, experimentar até experimentava mas não sabia se no fim daquilo ainda aguentaria com os dois murros na cabeça!

-Gaita! Isso foi mesmo verdade?!

-São histórias que se contam por aí...

-E os holandeses... Vocês já os averiguaram?!

-Averiguámos sim senhor, mas não detectámos indícios de que qualquer holandês tivesse habitado nesta região nem que eventualmente deixasse escapar algum crocodilo para a albufeira...

-Sendo assim... seguindo o raciocínio... uma vez que não há por aqui vestígios de holandeses... é lógico que também não existem crocodilos!

-Correcto e afirmativo!

-Sabem amigos... o Sol está a descer cada vez mais e tenho que ver se chego ainda de dia a casa...

-Ouça cá, ó Cidadão! Você vai colocar essa dos holandeses na Internet?

-Vou pois... É uma estória fixe!

-Eh! Eh! Vai ser uma risada!!!

-Adeus amigos! Cá o Cidadão sai daqui bastante mais enriquecido!

Assim foi... Este praça voltou a colocar o capacete amarelo e a mochila cor-de-rosa, deu ao pedal de arranque e num  abalo sem embalo, desapareceu na íngreme subida, deixando dois géninhos acenando despedidas suspensas num bote!
Depois foi mais uma questão de rebobinar o filme... Subir a enorme estrada sinuosa... voltar á direita... passar por Águas Belas...
Entrar em Ferreira do Zêzere e dar uma voltinha em torno acagaçado cidadão ferreirense...
Descer as curvas em direcção à enorme ponte que cruza o Zêzere... subir a pique e em Vila de Rei voltar à direita na direcção de Abrantes... evitar o teste de travões porque da ultima vez ia dando um tralho... isto e o motor da Coty a falhar... gaita... entrara na reserva... mudar a posição da torneira, acelerar na subida... e rezar para que a gasosa desse até casa... As trevas invadiam a paisagem... À entrada de Abrantes já a iluminação pública se fazia valer...
Pensando na Companheira, recordava-se de como ela se mostrara furibunda ao microfone do tijolo falante...
Felizmente a gasosa deu para chegar ao lar, doce lar...
Enquanto arrumava a máquina no alpendre já a gata Cristie rondava os artelhos deste praça com a cauda espetada na vertical e o pelo do lombo eriçado... aquilo era mau presságio...
Executando sinuosidades entre os artelhos e emitindo tímidos e piedosos miares, o felíno ia atrapalhando as passadas cá do rapaz... sinal inequívoco de que a coisa não estava de feição...
Coragem... foi preciso bastante determinação para meter a chave à fechadura quando por artes e manhas a porta se abriu automaticamente... não! Foi ela que num acto sincronizado a abriu pelo lado de dentro...
Aquela expressão severa... talhada em redondinho rosto marcado por dois olhinhos negros e arregalados... enregelava cá o coração... agora é que ia ser o delas!
Atrás da Companheira, no corredor repousavam duas malas inchadas de roupa... e a gata Cristie ronronando-se nelas... como querendo dizer... “são tuas, meu lorpa"...
De súbito... exclamou a Companheira erguendo as mãos na direcção desta desafortunada cara...

-Já estava para te ligar, meu vadi...?! Ahh! A minha alma está parva!!! Coitadinho! O que te fizeram? Foi o crocodilo? Estás num estado lastimoso! Vem cá meu querido, para te poder curar essas feridas! Meu Deus! Isso aí precisa de Bétadine! Também tens umas chagas enormes nos braços e por todo o corpo!! Ai minha Virgem Santíssima! Isso pode infectar! Eu bem te avisei para regressares a casa ontem mas tú não quisestes saber e agora apareces assim todo ferido! Deves ter tido uma grande briga com o crocodilo! Ao menos conseguiste apanhá-lo? Conta-me cá meu filho como fizeste isto!!!

Há males que vêm por bem... Se não fossem as feridas provocadas pelos espinhos das silvas, o caldo estaria entornado... aquelas chagas impressionavam qualquer agnóstico...
Após tomada uma retemperadora banhoca, a paciente Companheira gastou um bom quarto de hora de volta do saco de discos de algodão embebidos em meio frasco de tintura, absorta na gloriosa missão de desinfectar as chagas deste rapaz.
Quando foi para o computador já a cara-metade lhe trouxera uma chávena de chazinho bem quente...
O aroma a um tacho de caldo verde em ebulição encaminhava-se a partirda cozinha...
Este Cidadão sentou-se à escrivaninha ligando a máquina q1ue após emitir aquela melodia... lhe foi digitando o seguinte:
“Como a vida não está fácil, este praça resolveu trocar duas semanas de férias nas Caraíbas por um dia bem passado nas margens da albufeira do Castelo do Bode...
Subjugando o selim da máquina vermelho Ferrari atestada de véspera e elevando o piston ao red-line, fez-se à estrada na sua Famel Coty de duas velocidades, devorando o alcatrão a uma velocidade de sessenta quilómetros por hora, ressalvando as subidas, claro! O trânsito era escasso à exeção de uma coluna de viaturas militarizadas que o ousaram ultrapassar na rampa entre a Amoreira e Martinchel (...)”
Vai daí, a Companheira apresentou um prato em barro salpicado a arroz, emanado um idílico aroma de fervilhante guisado condimentado a cravinho...


-O que é isto?

-Coelho guisado...

-São fígados de coelho?!

-Não...São moelas...

-Moelas de coelho?...

-Sim... moelas de coelho...

-Ainda bem... sabes que detesto guisado de fígado de coelho... Causa-me náuseas...

-Então?! O que achas? Está bom?

-Um acepipe, Companheira... Sabes cozinhar, Companheira!...


E... se quiserdes saber o resto desta interminável, intrépida e maravilhosa aventura do Cidadão abt em busca do crocodilo perdido, viajai até aqui!