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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os objectivos pretendidos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, padronizadas, politicamente correctas, adormecidas... ou espartilhadas por fórmulas e preconceitos. Embora parte dos seus artigos se possam "condimentar" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade de expressão" com libertinagem de expressão, considerando que "a nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros"(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico, dinâmico, algo corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausado, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas incursões, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell). Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de interessantes sítios a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão abt com alguma dessas correntes... mas tão só a abertura e o consequente o enriquecimento resultantes da análise aos diferentes ideais e correntes de opinião, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais, válidos e úteis, dando especial primazia aos "nossos" blogues autóctones... Uma acutilância aqui, uma ironia ali, uma dica do além... Assim se vai construindo este blogue... Ligue o som e... Boas leituras.

sábado, 1 de outubro de 2011

A VILA


A VILA
Nos últimos tempos cá o Cidadão abt anda bastante apreensivo com o facto de após instalados pórticos de portagem no IC3 e o Senhor Ministro Adjunto e dos Assuntos Pr'alamentares, Dr. Miguel Relvas vir a terreiro filosofar que dentro do “princípio utilizador – pagador,” quem utiliza as Estradas de Portugal tem que as pagar... 
E desde aí este praça tem vivido os seus dias em constante sobressalto pois sempre que na rua pressente movimentações camarárias ou cada vez que acorda para nova jornada, bem receia que da noite para o dia lhe seja instalado um pórtico de portagem junto à saída da garagem, levando a que este desgraçado tenha de adquirir o respectivo identificador a instalar no frontal do conta-quilómetros da Famel Zundapp... razão mais do que suficiente para se drunfar com drageias de ansiolíticos... não acham?!
Subindo ao sótão, o Cidadão arredou o manto negro que cobria a magnífica Bola de Cristal... esperançado que esta lhe fornecesse algumas pistas sobre as evoluções que o people tem sofrido nestas últimas semanas pós Estado de graça... e ainda meditando que se dantes já se pagavam as estradas, num futuro próximo se irão pagar as ditas estradas... a dobrar!
Por exemplo o Imposto Municipal Sobre Veículos e o Imposto de Camionagem que deram lugar ao IUC (Imposto Único de Circulação) adicionado à sobretaxa de 7,5 cêntimos por litro de combustível que revertem a favor do pagamento dos encargos com as Scut’s e introduzidas as reportagens, caberá ao cidadão repagar a utilização das mesmíssimas artérias... 
Estando a Lua trincada na sua face e as estações baralhadas, os tempos deparavam-se da tal modo confusos que em nada coincidiam com o crescimento das cartilagens, dos cabelos peitorais e das unhas dos pés, nem somenos inspiravam a que se dessem cinco voltas na encruzilhada ou se percorressem sete castelos numa só noite.
Por exemplo, de agora em diante uma alma penada que se queira deslocar entre o Castelo de Tubucci e o Castelo de Nabanthus perderá toda a vontade de dar uma volta pelo Castelo do Almourol e ir espreitar as saias do fradinho Capucho na Igreja da Atalaia!
Com tanto pórtico desumanizado de belas portageiras, o mais certo será o viajante tubuco descobrir que rumando a Nabanthus achará um atalho mais curtinho que atravessa outro magnânimo castelo!
O Castelo de Bode!
A não ser que...
Instalem um pórtico portageiro a meio do paredão da barragem... e aí a coisa mudará de figura...
Que Belzebuth, príncipe de todos os males, senhor das moscas e tenente dos exércitos infernais, seja cego, surdo e mudo!
Perante os mistérios a que houvera assistido nos últimos dias, este praça necessitava desabafar com as forças ocultas, buscando em suas energias esotéricas algumas explicações e outras tantas revelações para os desígnios que o futuro nos reservará...  
-Olá, magnificente Bola... Coitadita... Estás bem carregadinha de pó!...
Cof! Cof!  Aaaatchimmm!
Ouvi-me só esta historieta com bastante atenção... e depois... maravilhosa Bola de Cristal, vomitai-me qualquer coisita desde as vossas profundas entranhas...
Cá vai...
Alcolóbriga é uma Vila do feudo tubuco cujos senhores feudais têm por seu hábito inaugurar bué da ideias...
...projectos, visões e antevisões... para as televisões...
...sendo que já nela há éne tempos habitava um vermelho mensageiro tocando interminavelmente sua trombeta até chegado o solarengo dia em que sem passar parte às plebes, o real cavaleiro resolveu “dar às da Vila, seu alforge”...
...demitindo-se das suas funções e responsabilidades de utilidade pública, passando sua mala a particulares e vai daí, as plebeias gentes que eram seres atentos, unidos nos propósitos e ciosos dos seus direitos, resolveram reunir-se na estrada nacional que ainda não possui um único pórtico de portagem.
No termo daquela cálida tarde, a sudeste da Vila formara-se um airoso arco-íris ensombrado por baixos stratus esboçando as cores da bandeira nacional, enquanto discretos jipões traziam reforços humanos para lotarem o posto da Guarda Republicana, enquanto os habitués delatores estrategicamente se pavoneavam tranquilamente pelas ruelas da vizinha carina, aguardando a chegada do cavalo branco transportado pelo correio concorrente...
Entretanto, de distintas direcções e em cúmplices silêncios a ordeira população da Vila reuniu-se frente à tal estalagem das mensagens, contingentada pelos paisanos agentes que menos confiavam na populaça do que na delinquência dos chavalos da Vila.
A plebe ousara abandonar o conforto do Facebook e saíra à rua num dia assim... instigando o trombeteiro que a trote abalara, desta feita regressasse em marcha picada com sua montada na ponta dos cascos, comprometendo-se o chavalo de utilidade pública a tão depressa não vir a dar com a boca no trombone.
Dizei-me agora vós ó Bola de Cristal, o que nos revelais sobre o futuro desta Vila?...
-Este parte, aquele parte e todos, todos se irão...
Se o povo dessa Vila a pestana não abrir e ao feudo for submisso, em breve a escola secundária lhe resgatará...
...o posto médico desaparecerá...
 ...o quartel da guarda se sumirá...
...o estádio do mapa se apagará...
...e tudo o mais... ao alto do Cabeço trepará!
Essa Vila nem da biblioteca côr dará e só plátanos lhe restarão, idosos aos magotes lhe sobrarão e pelas ruelas partidas, esburacadas e esventradas, um pequeno e submisso feiticeiro cavalgando seu negro e brilhante alazão adornado de cromados ferros, percorrerá... pois nelas escassos plebeus buscará e outros tantos se abrigarão do abrasador calor que por lá se sentirá...
E o povo dessa Vila jamais serenará e tantas outras lutas travará até chegado o dia da grande bailação em que a celestial Matri-Harka por lá ressurgirá e prometendo o garantirá que uma enorme ponte suas tágides margens unirá...