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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os objectivos pretendidos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, padronizadas, politicamente correctas, adormecidas... ou espartilhadas por fórmulas e preconceitos. Embora parte dos seus artigos se possam "condimentar" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade de expressão" com libertinagem de expressão, considerando que "a nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros"(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico, dinâmico, algo corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausado, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas incursões, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell). Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de interessantes sítios a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão abt com alguma dessas correntes... mas tão só a abertura e o consequente o enriquecimento resultantes da análise aos diferentes ideais e correntes de opinião, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais, válidos e úteis, dando especial primazia aos "nossos" blogues autóctones... Uma acutilância aqui, uma ironia ali, uma dica do além... Assim se vai construindo este blogue... Ligue o som e... Boas leituras.

domingo, 9 de setembro de 2012

O OVO DE OURO*



O OVO DE OURO*

   Certo casal de portugueses foi ao mercado europeu comprar uma galinha poedeira de raça.
Aparentemente um galináceo igual a tantas outras galinhas de banal raça porque era dotada de bico, penas, pés tendo aquele jeito meio bobalhão de andar à cata de minhocas.
  Pela matina seguinte quando a mulher foi ao galinheiro recolher os ovos, apanhou um grande susto, assim se dando inicio a esta fabulástica estória que vos envolverá até ao final das vossas vidas, caso não migrardes para parte incerta!
No ninheiro a sortuda camponesa encontrara um ovo como até então nunca houvera visto! 
Um fantástico ovo... em ouro! 
Não havia ali qualquer parentesco com o galo de Barcelos!
Poderia ter achado uma apetitosa cenoura de Nantes para encher o ôlho ou uma couve de Bruxelas para encher as algibeiras... mas não! 
Tinha que ser exactamente... um ovo de ouro!
A mulher pegou no ovo com a mão direita, cheirou-o, lambeu-o, examinou-o detalhadamente... não lhe restando quaisquer dúvidas... aquele ovo era mesmo de ouro puro!
Cobrindo-o com um pano velho para que a vizinhança não o topasse, saiu correndo da capoeira, indo contar a boa nova ao marido que dormia tão sossegado...

 
- Acorda! Olha o que eu encontrei no ninheiro da galinha que comprámos ontem no mercado europeu!!!.

Estremunhado, o homem olhou o ovo dourado, pegando-o, medindo-o, lambendo-o, pesando-o e por fim soltando um grito que se ouviu a sete léguas de distância, exclamou para a mulher:
"dois likes para o povo"

- Mulher, esse ovo é de ouro puro! Estamos ricos!

Perante a evidência do facto, a mulher foi alvitrando:

- Estás a ver como foi bom irmos às compras ao mercado europeu? Com um único ovo posto por esta galinha ficámos imediatamente ricos! Imagina como ficaremos com o resto dos ovos que esta poedeira traz na barriga. Vamos esventrá-la para lhe retiramos os restantes ovos e as moelas e com o dinheiro da venda do ouro compraremos um palácio, um automóvel topo de gama, sairemos à noite e passaremos as próximas férias viajando pelo mundo fora!

-Tem calma mulher. Primeiro vamos aguardar que a nossa galinha ponha mais ovos!

Assim foi. Para além deste, de cinco em cinco anos a galinha pôs mais outros dois ovos de ouro e entrementes o casal, cego de ambição, não desperdiçou meças no tempo! 
Como aquilo estava a dar e esperançados com os ovos no cú da galinha, os camponeses mandaram construir um palácio, compraram dois bólides topo de gama ostentando o simbolo da forquilha... 
...saíram à noite para festas de arromba, alistaram-se em  todos os concertos de verão que havia na época e, por terra, mar e ar, calcorrearam terras da cochichina, partindo à descoberta de ociosos mundos!
E à velha galinha que jamais voltou a pôr outro ovo... foi-lhe destinado o dia do juízo final em que na esperança de lhe extrair as moelas e mais ovos de ouro, o homem correu até à cozinha, munindo-se dum luminescente facalhão com que sofregamente decapitou, decepou, estraçalhou e esventrou a desgraçada poedeira...
Aberto o corpo da bichana, foi enorme a decepção, pois dentro da galinha o casal só encontrou caca e tudo o demais que é normal acharmos dentro de qualquer raça de galinha.

Tripas, coração, moelas, fígado, rins e muito, mesmo muito sangue que sobrou para uma óptima cabidela...
 O terceiro ovo de ouro que ainda guardavam e era tão oco e estéril quanto os seus dois irmãos, vencidos cinco anos tiveram que o entregar à Troika, uma loja internacional de penhores, acabando os camponeses por ficar mais pobres que dantes, deixando de terem poder de compra e trocando acusações, passaram o resto da vida fazendo ginásticas financeiras na tentativa de liquidar as dívidas e os juros da miragem europeia...
- Ó mulher! Se ficámos mais pobres foi por tua causa.

- Não, a culpa é tua, hóme da minh'alma, que não tiveste paciência.

- Minha?! Não! A culpa é toda tua porque foste ambiciosa!!!
*Versão troikista da fábula de Esopo.