...que têm sentimentos, têm família, têm alma, enfim, têm necessidades, carências, angústias e expectativas comuns às do povo... mas não submissos.
Enquanto as populações protestam por bastas razões, rejeitando as decisões submissas às oligarquias internacionais, os ditos senhores de quem se fala, tentam cingir a razão dos protestos à insustentabilidade e consequente rejeição da TSU leia-se “Taxa Social Única” (e não as siglas de uma associação desportiva), gota que fez transbordar o copo da pachorra popular.
Assim se esvaiu uma semana sem solução ao fundo do túnel, levando a que por intermédio das redes sociais se convocasse nova manifestação de protesto junto ao Palácio de Belém durante o Conselho de Estado do dia 21 de Setembro, convocado pelo Senhor de Boliqueime que irá a todo o custo escrevinhar o prefácio menos incisivo da sua vida, na próxima obra literária que decerto se designará “Roteiros VII”.
Desconhecendo se de epidural ou de cesariana, porque de parto normal seria bastante doloroso por dificuldade na dilatação, ao fim de oito extraordinárias horas com um catedrático teórico e o proprietário de uma fundação a desistirem ao primeiro round, lá pariu a criança, concluindo-se que não sendo fêmea como o dinheiro de certos administradores, gestores e banqueiros, havia de se lhe trocar o enxoval e mudar o nome até então previsto!
Deixava de se lhe baptizar TSU e punha-se-lhe... por exemplo... IRS... muito mais IRS e menos décimo terceiro mês!
-Que acham?! Fica bem?!
Castigando as populações sobrecarregadas de impostos, de precariedade, de crescente número de casais desempregados, de funcionários públicos e de professores excedentários que se vão acotovelando nas mesas dos cafés, enquanto se encerrarem escolas substituídas por novos Centros Escolares deslocalizados, enquanto se fecham hospitais deixando as regiões desprovidas de assistência e valências médicas e enquanto se brindam os jovens estudantes com menor carga horária, sobrando-lhes tempo para evasões, nunca qualquer Governo algum dia se convença que terá o aval do seu povo.
Governo que insista em injectar administradores e directores nos obesos organismos públicos sem qualquer utilidade como o são as 16 entidades reguladoras que nada regulam, grande parte das 800 fundações intituladas de utilidade pública em que umas mais do que outras vão auferindo dos 800 milhões de euros anuais de subsídiodependências, colhendo os seus gestores isenções e benesses fiscais que vão sugando as finanças portuguesas, os 148 observatórios que apenas servem para fazer número e estatísticas, as parecerias público-privadas onde administradores auferem chorudos vencimentos acumulados a outras tantas reformas pagas pelos contribuintes, as centenas de comissões e associações de todos os géneros, propósitos e feitios que subsidiadas, não se lhes vislumbram benefícios em favor das comunidades locais...
...o pagamento de milhões de euros em subvenções públicas para os partidos políticos estourarem em campanhas eleitorais e enquanto um qualquer primeiro-ministro tiver 31 viaturas topo de gama ao dispor, num universo de 208 carros à ordem do Governo, tudo sustentado pelo erário público, contrastando com o regatear dos escassos 5 helicópteros disponibilizados pelo INEM ao serviço dos dez milhões, setecentos e seis mil, novecentos e treze portugueses residentes no país, e enquanto um qualquer Governo fôr submisso a meia dúzia de senhores, neste país onde cada vez são mais os que têm menos e cada vez menos os que possuem mais, poderá tirar o cavalinho da chuva porque jamais merecerá o crédito da população.
Pecando por tardia, a eliminação concreta, massiva e substancial nas gorduras do Estado, será uma das medidas bem aceites pelos milhões de portugueses contestatários, via eficaz para a rápida redução do déficite público e resignação social.
Com estas práticas jamais nos libertaremos das ditaduras capitalistas que nos são impostas, levando ao descrédito nas políticas incrementadas por uns senhores que à custa de esmiuçar os salários dos poucos que ainda trabalham e mitigar reformas de quem descontou durante décadas, pretendem livrar o país da usura europeia em que se entalou, iludido pela publicidade enganosa do financiamento a “fundo perdido”.
Hoje os que ainda têm algum poder de compra restringem-se ao consumo do essencial, reflectindo-se na inflexão das transacções comerciais, no consequente decréscimo do valor arrecadado em impostos e na quebra das receitas fiscais do Estado Português, em suma, numa avassaladora contracção económica que contraria as pretensões dos teóricos que se propoêm governar os nossos destinos, mesmo que sejam d'além fronteiras.
Não mudando o rumo da austeridade exigida, qual patologia de cariz epidémico onde clínicos insistem em receitar terapias erradas ao paciente, as manifestações por ora pacificas e contidas darão lugar ao desespero, à radicalização dos protestos, à espiral das contestações, a tumultos massivos e explosão social com elevado grau de violência que há a prevenir antes que a tragédia aconteça.
5 comentários:
O Povo português tem mostrado grande dignidade ,manifestando-se ordeiramente , (qual 25 de Abril de 74) Mas ,até onde poderemos chegar ?Os suicídios que se têm registado ultimamente ,são uma reacção de desespero...Pergunto:E quando este desespero alastrar descontroladamente?Quais serão as reacções possíveis de todo um povo em depressão?
Há muitas maneiras possíveis de ultrapassar a crise ,desde que os políticos saibam ler a história e saibam ouvir ...
Não acredito que a espiral de contestações resulte em situações de conflito entre as forças da ordem em campo e os manifestantes, por três pontos:
Em primeiro porque estando todos a levar pela mesma tabela, a angústia é colectiva e transversal à sociedade, e como disse o General, são seres humanos com sentimentos, têm alma, têm família, sendo mais certo que in extremis as forças da ordem se juntem às acções de cidadania do que defender usurários e interesses económicos estrangeiros.
Em segundo lugar porque não acredito que este naipe de ministros mais troikistas que a troika se aguente em funções por muito mais tempo.
Em terceiro porque os portugueses são um povo civilizado que sabe bem até onde deve chegar de modo a atingir os seus objectivos.
Os distúrbios pontuais a que assistimos partem de um número reduzido de indivíduos que praticam o culto da violência pela violência, os mesmos que desfilam nas claques dos futebóis. É bom que esses sujeitos sejam detidos, identificados e punidos porque também eles representam um atentado ao exercício de cidadania, à liberdade de expressão e à democracia. Certo?
Caro cidadão;
Cada vez mais, a luta pela defesa dos nossos direitos é travada nas ruas! Petardos, bolas de golf e garrafas não, mas ovos e tomates nunca serão demais e se transaccionados com a carga fiscal do IVA ajudam a economia nacional e reforçam os cofres do Estado, atirados a estes ministros da troika, claro está!
Deixemos o conforto e passemos ao confronto. Estes jovens senhores políticos da troika, repletos de tachos não têm a mínima noção das angústias do povo que os rodeia. Foi o tempo dos partidarismos mas agora sejamos unidos a favor do nosso futuro comum. Não sigamos o triste exemplo das praças espanholas em que os manifestantes se atiram às forças da ordem como gato a bofe, porque os coitados dos agentes também sofrem da mesma austeridade.
Felizmente somos um povo mais civilizado que nuestros hermanos sendo actos de pura cidadania.
as mobilizações que acontecem em Portugal.
Um bom post, este seu.
Olá, Maria Marques, Joaquim e Fátima;
O hooliganismo está em todo o lado e pronto a provocar desordem!
Em Portugal, foi exemplar a atitude contida das próprias policias perante certas provocações com garrafas, pedras da calçada e petardos, tal como foi bonita a atitude da Adriana a abraçar o policia de intervenção!
Fica para a posteridade e quiçá, para a história!
Esperemos que os governantes que se seguem, percebam claramente a mensagem de cidadania que o povo transmitiu.
Votos de que tudo se faça para que as espirais sociais se contenham e tudo se resolva da melhor maneira!
Orgulhemo-nos das nossas manifestações. Somos um bom exemplo de civismo para os outros países.
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