O SISTEMA
A tragédia beijou a vila
do Tramagal numa tarde quente e ventosa de Março.
Ao toque de biqueirada, num acto tresloucado com contornos de violência
doméstica, no dia 27 do corrente ano, um esquizofrénico de
trinta e quatro anos é indiciado de parricídio da mãe!
Dado o curriculum violento e
anormal comportamento na via pública, este fulano que não se lhe adivinha
actividade profissional, há muito que deveria estar internado num hospício ou
no mínimo, ter acompanhamento médico adequado à sua saúde mental, incluindo a
toma ininterrupta da imprescindível medicação que por qualquer razão não
lhe era tão regular quanto a ingestão de outros psicoactivos.
Numa atitude de
desresponsabilização semelhante a Pilatos, o Presidente da Junta
de Freguesia declarou à comunicação social que a família do parricida nunca houvera pedido auxílio à Comissão
Social da Freguesia no sentido de esta lhe prestar a
necessária assistência, comparticipando por exemplo com a medicação
imprescindível à estabilidade emocional do suspeito...
Fosse para a arruada eleitoral,
fosse para impingir um pacote de canais digitais, fosse para estabelecer novo
contrato de banda larga, fosse para liquidar as contribuições ou fosse para
fazer um peditório e todos estes ilustres assenhorados ao Sistema depressa dariam com o número da porta desta
família, bem a meio da Rua dos Cascalhos...
Neste sentido, apesar de na
vila todos serem sabedores e comentarem o drama vivido pela família, em atitude
passiva, a Comissão Social da Freguesia esperou sentada que
este caso problemático lhe chegasse às mãos...
Concluímos que até aqui o Sistema não se incomodou em ir
ao encontro desta gente, como se acomodou à espera que a família lhe fosse
bater à porta...
Se for a actuação corrente do Banco Social, não é difícil concluirmos que a sua
área de influência se restringirá a uns quantos esclarecidos do caminho que
devem rumar enquanto os isolados são pura e simplesmente excluídos e ignorados
pelo Sistema do Banco Social!
Paz à sua alma.
Bancos Sociais sim, para quem neles trabalha!
Estamos cientes que um
energúmeno que provoque incêndio florestal, marmanjo que cometa violação, ou delinquente que perpetre crime de sangue, naturalmente não o fará no seu perfeito juízo, daí que o estatuto de inimputabilidade se transforme numa desculpabilização esfarrapada.
Quantos mais casos esquizofrénicos estarão
em ”risco” de acontecer
neste Concelho de Abrantes?
É do Sistema!
5 comentários:
Qdo uma besta agride o proprio pai, merece imediatamente internamento compulsivo.
Devem ser responsabilizados os que deixaram esta situação atingir a tragédia que são os gajos que estão fechados nos gabinetes e que têm os livros mas na prática nada percebem dos assuntos que dirigem.
Boas Cidadão
REVOLTANTE.
Cumprimentos
A ver se consigo entender.
Depois da casa assaltada é que metem as trancas na porta.
O senhor Victor Hugo Cardoso, Presidente da Junta de Freguesia do Tramagal, não tem competências atribuídas e responsabilidades acrescidas no tal Conselho Municipal de Segurança?
No exercício de funções, o conselheiro só tem a declarar que essa família não se dignou procurar a Comissão Social da sua Freguesia no sentido de aliviar os problemas sociais?
É falado à boca cheia esse basbaque confrontado com a situação só teve a honra de comentar que o psicopata tinha que levar com um pau de marmeleiro? Não se estava a tratar de um fulano que tinha sovado pai, agredido os transeuntes e pontapeteado as porta das casas do Tramagal com botas aguçadas de biqueira de aço? À semelhança das soqueiras, por acaso este tipo de calçado não se considera arma branca?
As instituições sociais e o Ministério Público permitem que um individuo com estas características se passeie livremente entre a população? Nunca ao senhor conselheiro de Segurança lhe passou pela idéia que um fulano com este perfil representaria um perigo público?
“A toma ininterrupta da imprescindível medicação que por qualquer razão não lhe era tão regular quanto a ingestão de outros psicoactivos”
A mãe reformada, o pai no desemprego e o fulano a não fazer nenhum. Por acaso a demência não foi agravada pelo problema da toxicodependência? Os motivos que levaram este indivíduo a ter agredido violentamente o pai e agora a matar a mãe não serão causados pela crise da falta de dinheiro para sustentar o vício da droga?
Há aqui mais gente que deve ser chamada à responsabilidade sem ser propriamente o desgraçadinho do maluquinho dos Cascalhos porque a inimputabilidade de um não implica a impunidade de quem de direito neste processo de puro laxismo e permissividade.
Como o cidadão, também eu termino. Os Bancos Sociais não são mais do que uma fonte de tachos sustentados pelos munícipes orientados para os funcionários que neles se instalam.
Caro cidadão:
Neste problema social que se arrastava há bastante tempo parece que só os responsáveis pelos organismos estatais não precaveram o desfecho trágico.
As falhas do sistema foram cobrados ao preço de uma vida humana.Não só o parricida devia estar há muito em internamento compulsivo como os responsáveis por tanta negligência deveriam ser demitidos compulsivamente das suas funções!
Caríssimos Fátima, Joaquim, Tramagalense e Alcolobre:
Este parricídio não é tão linear quanto possa aparentar.
Há um reverso da medalha e sistemas que se sobrepõem ao Sistema.
Com a esquizofrenia haverá factores de toxicodependência que eventualmente terão induzido o acto hediondo.
Compete aos serviços competentes apurar tais indícios, tal não refutando as responsabilidades dos visados por Vossas senhorias na medida em que o conveniente desempenho das funções sociais a eles inerentes parece terem sido colocadas em segundo plano.
Se a explicação de demência perder consistência, isso encaminhará a hipotéticos desenvolvimentos.
Obrigado pela Vossa visita.
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