O GENERAL
Talvez porque todos
andamos entretidos com os monges do Convento
de Santo António, no sítio das bicas, ora feitos em hortelãos na Quinta de Arca D’Água, ou que as
atenções estejam centradas na regeneração do Rocio ou Praça do Príncipe Real, hoje Jardim da República, o certo é que esta
figura de vulto nascida em Rocio ao Sul
do Tejo, ficou algo esquecida na rota das antevisões Ibéricas...
Cá
o Cidadão tem por sistema dar um
compasso de espera às situações anómalas para as quais vai sendo alertado ou com
que se vai defrontando, tanto com o intuito de dar primazia aos órgãos de
comunicação social que têm o direito de ganhar o seu, como para permitir espaço
de manobra às entidades competentes na correcção das mesmas, tentando evitar constrangimentos do “cada tiro, cada
melro.”
Assunto
que o blogger Aqui-Ali-Acolá oportunamente já não tivesse abordado, estas bitáitadas rondam os calcanhares do General desmembrado pacientemente
prostrado na junção entre a Rua do Montepio
Abrantino e a Rua 17 de Agosto de
1808.
Homem
de filosofias, matemáticas, engenharias e acérrimo militante do então Partido Regenerador, à sua época desempenhou um papel determinante do desenvolvimento tubucciano porquanto foi eleito deputado pelo círculo de Thomar, ao qual a mui nobre Villa de Abrantes pertencia e onde
permaneceu empoleirado por cerca de duas décadas.
Entre
outros epítetos de âmbito nacional e militar, o General tomou a iniciativa de fundar a primeira infra-estrutura que canalizava água potável directamente para um reservatório instalado no recinto do Castelo a mil e trezentos metros de lonjura, redistribuindo-a para as habitações da notável Villa
de Abrantes, vencendo o desnível de aproximadamente quatrocentos metros...
...acima do lugar onde a dita maquineta fora instalada, junto à Ribeira de Valle de Rãns, na estrada que nos demanda ao Carvalhal e outrora a Villa de Rey.
Algo parecido com isto:
Possante bomba de água movida a vapor, encastrada em edifício de consideráveis dimensões ladeado por
enorme chaminé em tijolo maciço, foi a obra genial que veio resolver os problemas higiénicos e de
plebeica desidratação tendo-se assim estriado algo tecnologicamente avançado, como
foi o primeiro abastecimento público de água potável ao Cabeço... cuja inauguração culminou em grande festança!...
A
Fábrica da Água.
Um
bocado ruidosa e poluente, mas inovadora para a época.
O
lobisomem seria a personagem que mais
se queixaria com a proeza porque nas fases aluadas o engenho o impediria dormir
durante o dia, vendo-se desgraçado com a fotofobia que não lhe permitiria fazer
a conveniente depilação e um corte de unhas apresentável...
Antes
da demolição do edifício, a última coisa que ali esteve inter paredes foi a Sociedade Columbófila com bandos de pombos de peito feito metidos atrás das
grades, aguardando ansiosamente que lhes concedessem ordem de soltura para darem asas aos seus sistemas de
posicionamento global.
Um desmesurado arrulhar, portanto.
Não esqueçamos que foi o General quem pela primeira vez fez chegar a água potável ao alto de Abrantes!
Hoje aquele espaço está assim:
Ali, ainda existem vestígios do fontanário da Fábrica
da Água...
Depois
dos celtas, dos romanos, dos godos e dos mouros,
chegara a ocasião do General parceiro do reino implementar uma rede de vias de comunicação terrestre que ligava a notável Villa de Abrantes aos concelhos
limítrofes de Mação, Villa de Rey, Ponte de Sôr, Thomar e Punhete,
das quais ainda hoje poderemos encontrar indícios in-loco.
A construção ou melhoramento dos cais de Rio de Moinhos, Tramagal, Rossio,
Caldellas, Allamal e o corte de rochedos subaquáticos que assoreavam o rio Tejo para que as embarcações navegassem em segurança, devem-se a este homem de verdes tonalidades...
Hoje
os embarcadouros servem mais para intrigar o viajante, picnicar ou tocar o
instrumento da banda do que para qualquer outra coisa que
se relacione com muletas, catraios, varinos
e fragatas...
O
General dos quatro costados dinamizou a Associação de Socorros Mútuos, hoje Montepio Abrantino, cujo edifício lhe é fronteiro.
A figura representada neste pedestal foi quem
promoveu a construção da maioria dos edifícios escolares e implementou as
estações telegráficas da região, razão de sobra para que se tornasse pessoa
bastante considerada no meio.
A
27 de Junho de 1929 o General foi
homenageado a título póstumo pelo povo da notável Villa de Abrantes com o
descerrar do busto desmembrado, no extremo da Praça Barão da Batalha, exactamente no tal Centro Histórico que ora muito se venera e certamente se regenera.
A
partir de 5 de Fevereiro de 1890 o General “viu” o seu nome atribuído à antiga Praça da Palha de Cima que também se designou Largo do Encontro e ultimamente Largo
Ramiro Guedes, como podereis consultar na folha seis da acta camarária nº 24
que achareis no Arquivo Histórico Eduardo
Campos.
Saliente-se
que em 1976, ainda sem o boletim dos Passos do Concelho nas impressoras, já
se trocavam as identidades das pessoas, porque à Praça da Palha de Cima foi-lhe dada a toponímia do escritor e poeta Ramiro Guedes de Campos, porém na suposição que
este ilustre tivesse sido o grande defensor da causa republicana, Dr. Ramiro Guedes...
-Cabecinhas
no ar!
Com
o abastecimento de água a partir da Estação
Elevatória da Cabeça Gorda, a introdução das portagens na Auto-estrada 23 e a construção dos novos
Centros Escolares, o General tem vindo a perder protagonismo...
O
busto do General José Alves Pimenta de Avelar
Machado, concebido por Ângelo
Teixeira continua ali no centro da cidade, plantado sobre o pedestal da autoria de Raúl Lino e envolto na luxuriante vegetação que anárquicamente progride no canteiro, sugerindo inovador conceito de
revitalização, baseando-se no princípio elementar de selva urbana.
Tendo
o bom militar que dominar a arte da dissimulação para assim surpreender sem ser
surpreendido, poderá este cenário tornar-se num perfeito exemplo de camuflagem.
É
expectante que o conjunto escultórico desapareça envolto no diversificado reino
vegetal até que uma geração vindoura tenha achado o General M, convicta que esta figura se tivesse tratado de renomeado rapper nacional!
- Altamente!
Apesar
de na notável Villa de Abrantes se
cultivar o visual e para garantir a descontinuidade da progressão da biomassa quer na
horizontal como na vertical inibindo que o General
se cubra,crê-se que algum sapador autárquico desbravará tal matagal, com o merecido reconhecimento dos comerciantes do Centro Histórico e uma forcinha deste post......
7 comentários:
Boas Cidadão
Se bem fico a perceber, o pequeno espaço verde que envolve o pedestal e o busto de tão ilustre abrantino, foi deixado ao abandono. Custa-me a crêr.
Mas pronto, este é um concelho de mais olhos que barriga e o povito não vê, nem quer ver. Em Outubro vai voltar a premiar a incompetência.
cumprimentos
"Pois, caro Horta F's!"
Poderá consistir em mais um espaço destinado às hortas comunitárias, neste caso, jardins comunitários.
Ali, umas abóboras nem ficariam mal...
Sempre davam para compotas, sopas e para o dia das bruxas!
O povito não vê?
Foram os próprios comerciantes do Centro Histórico a mostrarem a sua indignação, alertando para a situação anómala!
Saudações cibernéticas.
Só mais uma coisa que me esqueci: o edifício que foi demolido era aquele onde funcionaram as oficinas da CMA, antes de passarem para a Chainça?
Quando digo que o povito não vê, refiro-me à incompetência e ao umbiguismo socialista abrantino. Quanto à "horta ecológica", só digo que deviam ter vergonha.
Pois, Horta F's;
A Fábrica da Água esteve ocupada por uma parte das oficinas da Câmara Municipal e depois entregue aos pombos, sendo demolida pela anterior vereação, vão para aí uns cinco anos mas, por uma questão subliminar, houve interesse em dar ênfase à questão dos pombos.
Uns bailaricos, uns brindes e uns porcos no espeto dão a amnésia suficiente ao pagode!
Olá Cidadão abt, boa tarde.
Quero começar por dar os parabéns pelo excelente trabalho de pesquisa, finalmente fiquei a saber a quem se deve a construção do cais de Rio de Moinhos, e de outras obras no nosso Concelho, obras de vulto na altura e muito necessárias, hoje precisamos de outras, mas essencialmente de Homens como o General José Alves Pimenta de Avelar Machado.
Os meus cumprimentos
Fmqs.
Caríssimo Tiri-ri-ri:
Finalmente cá tem o Cidadão a dar-lhe o merecido feedback ao seu comment's.
Avelar Machado não era um retórico mas sim bom observador, dispondo de enorme paciência para ouvir as pessoas e atender os seus ensejos e às suas sugestões na medida do possível.
Dizem que nunca deixava de responder a toda a correspondência que recebia, mesmo a daqueles que lhe eram críticos, sabendo mover influências de acordo com o seu estatuto social, em prol das populações de Abrantes e dos concelhos limítrofes, razão para que em todos os aglomerados populacionais encontremos o seu nome atribuindo a uma praça ou a uma via mais preponderante, sendo a forma das populações lhe mostrarem reconhecimento.
Para contrastar, parece que em Abrantes, no Largo Avelar Machado, frente à antiga casa da Assembleia, exactamente onde está o seu busto, o desmazelo do espaço é suspeitoso de que a autarquia não lhe reconhecerá as virtudes...
Hoje dia 16 de Maio de 2013, continuam por lá as ervas daninhas, só que agora ressequidas pelo calor.
Mande sempre, bitáitadas.
"Na manhã de sexta-feira, dezassete de Maio do ano da graça de dois mil e treze, foram os jardineiros autárquicos arrancar as ervas daninhas, amanhar a terra para semeadura da relva e plantar uma inflectida leira de couves da Santa Teresinha..."
Assim findou a angústia vegetal do General Avelar Machado!
Caro ciberleitor...para mais novidades, vá até este link:
http://ocidadaoabt.blogspot.pt/2013/05/no-papo.html
E, está NO PAPO!
Enviar um comentário