POMITO
LENCART
Suponhamos que a incauta D. Leocádia, idosa residente em Alcanena, resolvia ir visitar o filho...
...internado na unidade de cardiologia de Torres Novas
e no caminho dava um excelente tralho pela ribanceira desprotegida do Hospital Rainha Santa Isabel...
Sendo que no meio do azar o português tem
sempre sorte, baldeando por aí abaixo, a idosa apenas abria um lenho na carola,
concluindo a equipe de triagem de Manchester
que aquele lindo serviço merecia uma costurazinha de pequena monta...
Coisa
simples, para levar dois ou três agrafes no sobrolho, um spray na testa e prescrição de Pomito Lencart
quanto baste para ser aplicado em casa.
Incha, desincha e
passa!
Vai
daí, por uma questão economicista associada à distribuição de valências pelo
imenso jardim que é o Centro Hospitalar do Médio Tejo, os serviços requisitariam ambulância que recambiaria a D. Leocádia para a unidade Manuel Constâncio, algures em Abrantes, onde se concentrariam os serviços médico-cirúrgicos, os raios-x
e outros que lhes abrasassem os cerebrais neurónios...
Distariam
40 quilómetros, parte dos quais rolados pela A 23 que corresponderiam a 25
minutos de viagem e o dobro dessa distância e tempo para a tripulação,
somados ao desgaste de pneus, manutenção da automaca e consumo de combustível
para ida e regresso, deixando a D.
Leocádia em franco convívio no serviço de urgências, assimilando o diversificado
festival de “ais” provenientes dos inúmeros camaradas oriundos da área de
influência do Médio Tejo que compreenderia os concelhos de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere,
Gavião, Mação, Ourém, Ponte de Sôr, Tomar, Torres Novas e Vila de Rei...
Tempos
de espera incluídos, na manhã do dia seguinte, enquanto tomava o pequeno-almoço
antes de se meter ao trabalho, a neta de Alcanena
receberia uma chamada telefónica da unidade hospitalar de Abrantes no
sentido dos familiares irem buscar a D.
Leocádia que teria alta médica, porque não sendo necessariamente asilos para velhos que se
afreguesavam dos hospitais públicos, estes artistas poderiam criar habituação aos ditos cujos, sendo avisados que a partir do
momento em que a idosa tivesse alta clínica, os serviços hospitalares não se responsabilizariam
pela devolução da senhora ao domicílio!
A anciã regressaria a caselas por perninha própria!
Ou
a D. Leocádia fretaria um táxi que a
levaria a Alcanena, ou a D. Leocádia
se metia no mini bus que daria uma volta ao bilhar grande fazendo escala em Tomar e Entroncamento, ou a netinha da D.
Leocádia se tiraria de cerimónias e recorrendo ao automóvel do papá sem arriscar pela Estrada Nacional
nº3 que no troço entre o Nicho e
a Ladeira do Pinheiro se encontraria em
estado lastimoso, sujeitando-se a rebentar os pneus, empenar as jantes, deflagrar os airbag's e a dar de trombas com o lobo feroz...
...Antes optando por
gastar uma pequena fortuna em combustível e portagens, indo buscar
a intrépida avózinha ao hospital de Abrantes, tudo compreendido na política economicista da administração hospitalar pela imposição de três agrafes no sobrolho,
um spray na testa e prescrição de Pomito Lencart quanto baste para
ser aplicado em casa!
Incha, desincha e passa!
2 comentários:
O comentário que se segue chegou por via do correio electrónico ao que cá o Cidadão abt resolveu publicá-lo, resguardando a identidade do autor.
"ACHEI MUITA GRAÇA AO POMITO LENCART...... ASSIM COMO A HISTORIA DA SENHORA LEOCADIA TAMBEM MUITO ACTUAL INFELIZMENTE. .OBRIGADA..... BOM DOMINGO....NA MEDIDA DO POSSIVEL. O NOME DE LEOCADIA ´È MUITO ANTIGO, EU NUNCA CONHECI NINGUEM COM O MESMO. A MINHA MAE E MINHA AVO´ CONHECERAM."
Muito bem, cidadão.
São grandes feitos de cérebros reestruturantes das valências no sentido de reduzirem os gastos do CHMT, sobrecarregando os utentes com as despesas de deslocações se quiserem ser convenientemente servidos pelas respectivas valências.
É conveniente cada utente escolher a maleita cuja valência se encontre na unidade hospitalar mais próxima do seu domicilio.
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