O TRANGLOMANGO
Sendo um exímio escrevinhador de disparates, cá o Cidadão abt aproveita esta deixa para digitar mais uma crónica meio marada, desta feita, baseada em puras conjeturas e meras suposições, cuja semelhança com a realidade não passará da mais elementar coincidência.
Vamos supor por exemplo que existia um Centro Hospitalar com área de influência em determinada região, composto por três edifícios equidistantes em cerca de trinta e quatro quilómetros, estando um localizado em Torres Novas, o segundo em Tomar e o terceiro em Abrantes, cujos colaboradores, desde o sector administrativo, pessoal auxiliar e equipas médicas e de enfermagem seriam excelentes profissionais, extremamente prestáveis e inexcedíveis no trato para os tais que só se lembrariam de Santa Bárbara quando trovejasse e nos momentos aflitivos estariam mais impacientes do que pacientes com a tempestade no canal...
Palpitemos agora que cada uma destas três unidades hospitalares se encontraria limitada à prestação de determinadas valências...
Ou seja, aquilo que se trataria numa, não se retrataria nas restantes...
Suponhamos por exemplo que entretanto dava um tranglomango a qualquer cidadão, ali à Alameda Um de Março da cidade de Tomar, precisamente a quatrocentos metros do quartel dos bombeiros e a dois mil metros do hospital local...
Vamos imaginar que para sua salvação, um dos transeuntes solicitaria os imprescindíveis serviços de emergência médica...
-Aqui funcionam as articulações...
A chamada de emergência para 112 seria atendida na Central de Emergência da Policia de Segurança Pública que caso assim o justificasse, a reencaminharia para o CODU que consistiria num Centro de Orientação de Doentes Urgentes, sob a tutela do INEM que seria o Instituto Nacional de Emergência Médica, sito em Lisboa, onde o senhor doutor do call-center injetaria uma triagem de questões ao interlocutor, tomando quatro vertentes por suporte, nomeadamente a situação clínica da vítima a fim de se efetuar a seleção dos equipamentos e meios a enviar, a proximidade e quais as acessibilidades ao local da ocorrência...
Interrogatório para um lapso de tempo de três a cinco minutos de conversações, isto na melhor das hipóteses...
Conjeturemos por exemplo que devido a complicações cardiovasculares, o desafortunado utente necessitaria de assistência médica imediata...
Alvitremos que para estas situações, o CODU-Centro de Orientação de Doentes Urgentes, entraria de imediato em contacto com a única base da região, onde se encontrariam estacionadas as equipas médicas da VMER-Viatura Médica de Emergência e Reanimação que se poderia localizar por exemplo a cerca de trinta e cinco quilómetros do local da ocorrência, nomeadamente nas portas do cavalo do Hospital de Abrantes...
Por sua vez, depois do lapso de tempo necessário para a tripulação se recompor, desperdiçaria uns escassos vinte minutos a transpor o Vale do Zêzere, voando baixinho e em duas rodas, isto é, se entretanto a viatura não encontrasse empatas móveis ou imóveis e não se espatifasse pelo caminho o que resultaria na dilatação do tempo previsto...
Alvitremos que entretanto o aziado freguês necessitaria ser transportado de urgência...
Por exemplo para o Hospital de Torres Novas sito a vinte e cinco quilómetros e a quinze minutos do local, onde lhe seriam prestadas as valências necessárias à convalescença...
Nesta situação, entretanto o CODU-Centro de Orientação de Doentes Urgentes também haveria solicitado à instituição mais próxima a cedência de uma unidade móvel “tipos” Automaca com Suporte Básico de Vida...
Imaginemos que devido aos cortes financeiros implementados pelo impiedoso Governo da República, essa instituição estivesse a tenir em indisponibilidade de meios logísticos e a viatura operacional indicada para esse fim se encontrasse a efetuar outro serviço...
-Prontos! Está bem! Não vamos ser tão pessimistas...
Se relativamente à ocorrência, pelas ruas Carlos Campeão e Amorim Rosa, o Quartel dos Bombeiros Municipais distasse trezentos e setenta metros, a tripulação desperdiçaria um pequeno lapso de dezoito minutos de tempo, desde a escorregadela no varão até o alcance da vítima, distancia que dois escuteiros a penantes, de bornais a tiracolo, maca de lona nas unhas e articulações desenferrujadas, levariam cerca de quatro minutos a vencer...
-Nada mau...
Para o efeito, de nada lhe valeria uma Viatura de Suporte Básico de Vida sem a presença da tripulação da VMER-Viatura Médica de Emergência e Reanimação...
Apenas serviria para praticar o“rendez-vous” que consistiria no transporte da vítima após uma estabilização primária, indo ao encontro da equipe médica que entretanto teria progredido meio caminho...
Imaginemos que em tão curto lapso de tempo, o freguês se aguentaria à bronca sem transpor os portões de São Pedro...
Nesta hipótese seria emalado na Viatura com Suporte Básico de Vida que, perseguida pela VMER-Viatura Médica de Emergência e Reanimação, avançaria direito ao Hospital de Torres Novas onde encontraria a valência adequada à sua situação clínica...
Portanto, para este caso hipotético teríamos um tempo de espera de cerca de vinte e três minutos desde a participação da ocorrência até à chegada da primeira viatura de socorro, trinta e cinco minutos a aguardar pela equipa médica que gastaria mais dez minutos com o diagnóstico, estabilização e preparos para a viagem, em suma, seriam contabilizados uns escassos oitenta minutos, (uma hora e vinte minutos) desde a participação do trangalomango até o protagonista dar entrada na valência correspondente às suas necessidades...
Se entrementes o impaciente não registasse estabilização, seria requisitado o Agusta que mais chegadinho aos domínios celestiais o recambiaria para um Hospital Central de Lisboa, Porto ou Coimbra.
Calculemos que o incidente sucedia numa aldeola recôndita da área de influência do Centro Hospitalar do Médio Tejo...
Na freguesia da Serra, do Concelho de Tomar...
Vamos escolher um hipotético local próximo das águas do Zêzere...
O tranglomango dar-se-ia por exemplo na povoação de Vila Nova, com o Souto de Abrantes testemunhando os factos na outra margem da albufeira do Castelo de Bode...
Só para termos uma idéia do tempo que gastaria e da distância percorrida pela VMER-Viatura Médica de Emergência e Reanimação que disparasse em voo rasante desde o Hospital de Abrantes...
Evitando dar o grande giro pela A23 via nó da Atalaia que seria andar para trás e perder tempo, a viagem resultaria nuns escassos trinta e cinco minutos investidos a percorrer os cinquenta e três quilómetros, trinta e cinco destes descevendo contracurvas, somados ao tempo desperdiçado com os preparos, telecomunicações e afins.
Poderíamos arriscar que estes timings seriam advindos de teóricas conjeturas na medida que em termos práticos, se estenderiam em aproximadamente trinta pontos percentuais caso o trânsito regional optasse por evitar as portagens e ao intensificar-se nas vias nacionais e municipais, mostrasse dificuldade em se arrumar...
Registo fotográfico da ocorrência a 16/2/2012 pelas 11h50m no cruzamento de Vale de Rãs, cerca de trinta e seis horas após a publicação deste post.
Situação agravada se, afim de satisfazerem as exigências de contenção económica, as hipotéticas reestruturações administrativas do Estado e afins, mobilizassem os habitantes dos distintos centros urbanos a deslocarem-se diariamente para fora da sua zona geográfica de conforto...
Poderia esta articulação de meios prever a disponibilização de uma LMER-Lancha Médica de Emergência e Reanimação...
Calculemos que o tranglomango acontecia no Espite, uma aldeola do concelho de Ourém e já eram cento e sessenta quilómetros bem batidos ou por exemplo o tranglomango se desse em Dornes, um idílico cantinho do concelho de Ferreira do Zêzere, metiam-se aproximadamente uns módicos cento e cinquenta quilómetros na viatura até a bendita regressar à base...
-Contas simples...
Para a VMER-Viatura Médica de Emergência e Reanimação, seria questão para elevar as estimativas de tempos e distâncias para o dobro...
Suponhamos que toda esta articulação se deveria a uma racionalização de meios devido a uma gestão tecnocrata e economicista, que resultaria em riscos acrescidos para os utentes do Médio Tejo.
-Na verdade isto nunca aconteceria pois não passa de meras conjeturas sem fundamento de alguém com imaginação fértil que resolveu fazer um ensaio literário na blogosfera, porque todos nós estamos cientes que a realidade efectivamente é bem diferente e que sob a tutela do Ministério da Saúde, o Centro Hospitalar do Médio Tejo tem colocado as pessoas da sua área de influência em primeiro lugar.
8 comentários:
Cidadão abt. Cá estou de novo a espreitar os seus disparates. Exclente visionário. Desta vez nem consultou a sua bola de cristal.Bastaram-lhe sa leis da física e das robalidades. Como consegue escrever crónicas do passado, do presente e do futuro e ainda assim acertar?
A proposito daambulancia tombada em Vale de Rãs, é prática corrente dos bombeiros de Abrantes, circularem avelocidades bastante superiores às razoáveis em desrespeito às regras de trânsito. Em missão urgente mandam a lei que arem ao sinal vermelho e então avancem depois de verificarem que não causam perigo para o restante trânsito. Cá iso não se verifica e fazem gincanas entre os veículos parados aos sinais luminosos. Nas rotundas dão-se ao desplante de circularem em duas rodas. É vê-los a derrapar na rotunda do lidl! Assim alguma vez elas têm que de se dar.
Há muita irresponsabilidade na utilização dos equipamentos que são municipais, portanto de todos nós.
Joaquim!
É tudo uma questão de atitudes e de comportamentos!
Uma parte dos bombeiros da nossa praça assume os comando de uma ambulância como se de um rally ou prova de perícia se tratasse!
Na adolescência, o sonho de alguns seria precisamente virem a ser condutores dos bombeiros!
Os corpos foram crescendo mas as mentalidades nem tanto.
Poderemos comparar ao fulano que sonhava ser polícia quando fosse grande e ao ingressar nos quadros, desatou aos tiros em tudo quanto era suspeito!
Esses jovens condutores com o sangue na guelra sentem-se uns campeões ao volante das furgonetas, mas aquilo é alto e também tomba com alguma facilidade.
E vê-los com os auto-tanques ao desafio por exemplo nas três rectas entre o Tramagal e o Rossio, de regresso ao quartel, em que se tentam ultrapassar entre si, chegando ao desplante de ao voltarem à direita no cruzamento junto à loja Gaio-Caça e Pesca, no Rossio, o fazerem em duas rodas, precisamente nos bigodes de João Pombo, o responsável pela Protecção Civil em Abrantes.
Sentem-se imunes e impunes perante as leis que também a eles se aplicam com as necessárias adaptações e excepções.
O irónico é o veículo depois de alguma gincana entre o transito imobilizado, ao ter avançado à-la-gardé, ao luminoso vermelho, ir estatelar-se precisamente de frente de uma viatura policial, danificando-a e a outro veiculo civil!
Talvez esta situação desagradável sirva como lição de civismo e responsabilidade para os restantes condutores da corporação que seguiam a mesma conduta.
Um gorro que nem a todos os bombeiros assenta, claro!
Como diria, esse complexo de prática de uma condução defensiva de que alguns dos condutores se gabam, mais não é que condução agressiva na medida em que na estrada é fundamental sabermos contar e interativar com os outros e demais estar cientes que o leque de limitações e de capacidades psicofísicas no ambiente rodoviário é muito vasto!!
E depois, quando a coisa falha, as consequências daí resultantes são graves!
Volte mais vezes, acutilante como sempre!
Fátima:
Ainda nem a Fátima adivinhava que passadas 36 horas a "coisa" se dava em Abrantes!
E do futuro fez-se o presente!
Como vê, as leis da física sobrepuseram-se à das probabilidades!
O acertar reside em usarmos a massa cinzenta!
Boas!
Boas Cidadão
No que respeita à situação dos condutores, fiquei, há uns anos atrás, estupefacto quando soube que os condutores de veículos de emergência não eram obrigados a ter uma licença de condução especial. Não sei se isso ainda se verifica, mas a avaliar pelas decrições do Cidadão e do Joaquim parece-me que a falta de profissionalismo e sentido de responsabilidade se mantém.
Quanto aos Anonymous, é de salientar que o blog, Cidadão abt, pode perfeitamente inserir-se neste grupo e que muitas vezes os objectivos são amplamente conseguidos sem o prejuízo de terceiros. Por esse motivo os meus parabéns.
Na reportagem, o jornalista utiliza vezes sem conta o termo "équer", quando a palavra é inglesa e se lê hacker, com A e não com E.
Mas pronto o que conta é a intenção.
Cumprimentos
Olá Tramagalense;
Para lhe poder responder com a maior exatidão possível às suas questões, houve que consultar um amigo ligado aos bombeiros-INEM e outro ao ensino da condução, daí a demora na resposta.
Embora seja suficiente a carta de ligeiros, para a condução de ambulâncias os requisitos são idênticos aos para habilitação de condução de pesados.
De há um ano a esta parte é necessário juntar um relatório de avaliação médica e psicológica, emitido por um CAMP que consiste num centro de avaliação médica e psicológica, credenciado pelo IMTT, que antes era a DGV, mais um atestado médico validado pelo Delegado de Saúde, e já possuir a carta de condução correspondente às características das viaturas que pretenda conduzir.
Acrescenta-se esta faculdade na carta de condução, ficando o condutor com uma carta de condução do grupo 2.
Depois é ir para a estrada acelerar e fazer gincanas com as ambulâncias!
As revalidações desta carta do grupo 2 começam mais cedo, a partir dos 40 anos, depois de 5 em 5 anos até aos 65, aos 68 e seguidamente de 2 em 2 anos.
Relembre-se que a parte da avaliação psicológica é recente no averbamento, significando que ainda serão poucos os condutores de veículos de urgência que preencham estes requisitos pese esta avaliação ser pouco seletiva, anão ser que o candidato apresente atitudes e comportamentos evidentes de que é efectivamente maluco!
Consta que ao critério da entidade empregadora e como extra de formação, alguns destes condutores recebam cursos de condução defensiva em pistas reservadas para esse efeito sendo os bombeiros de Abrantes contemplados com tal benesse com treinos na pista de uns comerciantes chegados à câmara e que exploram esse espaço arrendado à mesma câmara municipal através de concessão, e cujos cursos promovidos mais não são do que meros balões de oxigénio para o garante de sustentabilidade económica da dita empresa que é responsável pela emissão de elevados graus de poluição, quer sonora, quer do ar que respiramos...
A idéia que passa é que esses cursos funcionam exactamente pela negativa, criando um falso sentimento de confiança nos condutores, que adquirindo mais agilidade, ultrapassam todos os limites do razoável resultando em despistes e batidelas, ao lhes surgir algo de inesperado pelo caminho.
Saberá que em Abrantes, há um par de anos estas proezas custaram uma vida?
Cá está o tal déficit de atitude e comportamento, perante as vicissitudes do ambiente rodoviário que se traduz em falta de civismo, ao ponto desses condutores desrespeitarem as regras mais elementares do código da estrada que lhes dizem respeito, pondo em perigo os demais utentes, algo que a generalidade dos portugueses bem reflete no trânsito.
Há a salientar que depois desse aparatoso acidente a 16/2, tem-se registado uma certa acalmia e alguma prudência na circulação destas viaturas.
Quanto aos Anonymous, de facto cá este praça já se enquadrava nesse contexto, ainda os ditos não tinham projeção mundial.
Repare que até a ideia da máscara os tipos foram copiar...
Deviam pagar os direitos de autor...
Não acha?!
Sem faltar ao respeito pelos visados, com umas pitadas de corrosão, humor, critica, boas disposição ironia e imaginação, a taxa de feedback positivo sobre os assuntos abordados rondará os 30%, que não é nada mau para um blogger tão melga quanto este!
Ah!
Por vezes é necessário rejeitar certos comentários que chocam com os princípios votados nesta xafarica de bitáites!
Quanto ao sotaque gaulês da repórter, quem sabe se não terá estudado num tal Liceu Francês e tenha tendência em trocar o sotaque anglo-saxónico pelo francófono.
Nada que uma batata quente na boca, não resolva...
Mais um ponto a carescentar, se me permite, caro concidadão.
Omiti que há situaçoes clinicas cuja gravidade do paciente manda o bom senso e as que não se faça uso da sirene. Nestas situaçoes porém,esse transporte tem de ser efectuado cuidadosamente, evitando balanços, travagens e outros moviments bruscos da ambulância que possam vir prejudicar o doente. Quando asim acontce, a velocidade da ambulância é bastante reduzida, nem se pondo em questão o factor surpresa relativamente aos outros condutores. Nestas stuações mais delicadas é prática corrente que a ambulância seja precedida pela viatura o da equipa médica que vai abrindo caminho.
O que se passa com os despistes das viaturasde prestação de socorro, é que algumas das vezes os condutores são jovens irreflectidos que se alistam nas corporações de bombeiros para assim poderem brincar aos ti-nó-nis, dando largas a correrias desproporcionadas às regras mais elementares da segurança rodoviária.
E o povo é que paga....paga....paga...das mais diversas maneiras!
Cumprimentos ao cidadão e obrigada por estar atento e denunciar tantas injustiças que incomodam o nosso povo!
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