AQUILÃNDIA
Sejam bem-vindos a Aquilãndia...
Goradas
as duas tentativas do séquito matriarkal convidar embarcações tradicionais a navegarem no mar de Tubucci, ficando o professor Carvalho Rodrigues incumbido de inventar um satélite que transporte os catraios e deixando cá o Cidadão frustrado na recolha fotográfica do evento, em boa hora este resolveu meter
os pixeis a caminho, no sentido de concretizar o sonho projectado pela Matri Harka tubuca... daí que ireis mergulhar num fantástico e enigmático conto repleto de ficção, sonho, fantasia e ilusão, cujas semelhanças com a realidade são pura coincidência...
No Planeta Chisélle
da tal galáxia distante havia um pequeno mar metropolitano que banhava Tubucci, cidade média cuja lava de
escorreito casario regurgitando do cabeço ia borbulhar nas cálidas
águas, sendo a norte seus domínios limitados por extensa albufeira onde ousando transpor correntes e fragas, outrora ranhosos bodes se especavam em altaneiras escarpas...
Nesse
mar que ora assumia tonalidades castanhas, ora esverdeadas, navegavam discretas
embarcações como a nau Aquilãndia que zarpava dos obscuros deltas e sulcava as misteriosas baías do planeta onde as economias do povo encolhiam, muitas águas passavam
e outras tantas se metiam, e em poucos anos vencidos, tudo, mesmo tudo ia mirrando ao ponto de Chisélle adoptar o apelido da enorme embarcação que reinava em suas águas...
Em tempos d'antanho a Aquilãndia fora capitaneada por
El Comandante que partira para outra
margem deixando os desígnios da nau entregues a Matri
Harka cuja parceria com Frei Tomás
e Charles Arnês, o yessman, evitou que o
lastro das forças ocultas se deslocasse para bombordo ou estibordo, fazendo
adornar a embarcação.
O mar de Tubucci também era sulcado por
enormes vasos que se degladiavam em batalhas navais dignas de registo,
levando em vantagem a Aquilãndia
cuja tripulação alimentava o Aquijob's...
...um terrífico polvo que vegetando em tais paragens, dele os aquinautas usufruiam vantagens quando as escaramuças se
travavam renhidas...
Qual
monstro ressurgindo das profundezas afim de manter a populaça em respeito, o Aquijob´s libertava ácidos crómicos,
compostos fenólicos, hidrocarbonetos, cloreto de metileno e óleos que iam corroendo
os cascos das embarcações inimigas e consequentemente a rede de esgotos da urbe,
...segregando matérias orgânicas de várias estirpes e outros coliformes fecais que se
desfaziam nas comportas do açude instalado a jusante, escoando-se até ao Atlântico em forma de espumas que recordavam molotof...
Aquijob's ganhara o mau hábito de bramir seus tentáculos face aos tubucos estarrecidos,
bloqueando-lhes o raciocínio e fazendo com que as demais embarcações se mantivessem
em guarda...
Quando Matri
Harka assumiu o comando da nau
Aquilãndia, logo o polvo Aquijob’s agudizou sua acção intimidatória induzindo o abandono prematuro
de Al-Ban El Al-Banito,
...o líder dos ikas que disputara a liderança da nau
até então co-tripulada por pequenas
tribos de ikas laranja, ikas tomate, ikas morango, ikas ananás, ikas banana e ikas maracujá que nesse tempo, de tão estarrecidos, saltaram borda fora, restando a marujada dos aquinautas e o Charles Arnês que tal como Bantú,
K.J.B., Makkx e Madnigga, também esse não
sabendo nadar...
...resolveu partilhar as sobras dos ranchos com o disforme polvo
cujos tentáculos tinham funções específicas de manietar bombeiros, controlar
a sociedade civil, engrupir empresários, alienar património público pelo preço da uva mijona, gerir elefantes brancos, sustentar
salários de funções semipúblicas e de directores de organismos fictícios, concertar ajustes directos, subsidiar reintegrações sociais, capitalizar projectos insustentáveis, improvisar restauros, negociar megalomanias com familiares de homólogos políticos, criar comissões de circunstância, etc, etc.
Ao fim de quatro anos de renhidas batalhas
navais surgiram fissuras no casco da caravela dos Maias que por infiltração de água nos porões foi perdendo
estabilidade e capacidade de manobra, dando-se o abandono do comandante Leonardo e do subalterno Láparo, sendo actualmente capitaneada pela dupla da pequena Luffy e da lendária Kom Tente, que por ora lhe vão calafetando os rombos...
Nesses tempos um surto de ascaridose assolara a região, levando a desnorte os marinheiros das diferentes embarcações... Dizem que tal fenómeno seria a nefasta consequência do recurso a uma arma rudimentar baseada no conceito de guerra biológica...
Danos colaterais, portanto...
Gorada
a abordagem de El Comandante à RPP-Solar capitaneada pelo Barão Vermelho, cuja embarcação navegava ao cochado, sendo afinal uma
passarola voadora disfarçada de navio
que levantando voo, bateu em retirada logo que a nau Maya e posteriormente a Aquilãndia
se concertaram em manobras ofensivas escancarando escotilhas e posicionando bocas-de-fogo...
e auxiliadas pelos enforcement’s tentaculares
do Aquijob´s, registou-se então o
regresso do frustrado El Comandante para
junto de Matri Harka e de seu assessor Gaiteiro que para patego olhar o balão, em manobra de diversão pois então, a querida líder da Aquilãndia decretou publicamente a caducidade fictícia da nau RPP-Solar no intuito de cativar tantos mais desapontados plebeus à mesma condição dos seus aquilandes, de momento registando-se fortes
movimentações da tripulação aquinauta que para tal fim mobilizou todas as arrastadeiras e não só, atribuindo renome aos arrabaldes do cabeço, sustentando-se nas filosofias do mentalizador
Àmuáhamadinejana... tal como a teoria do “mais vale ser-se feliz do que se deter a
razão” tentando incutir nos servos
aquilandes
a ideia de que “antes de ser
racional, o homem teve que aprender a salvar-se”.
Se
foneticamente o analisarem, “aqui” é
nada mais do que a inversão de “ica”...
Consoante a quantidade de marinheiros e a importância da jorna, na penumbra dos porões da Maya ou da Aquilãndia escondia-se uma figura sinistra entre pipas de vinho, rações, mantimentos e ratazanas gigantes...
Era Armand Ó` Krueger... discreto discípulo de Aquijob's cujos dedos da mão direita terminavam em aguçadas lâminas que retalhavam as vestes das incautas vítimas!!!...
Dizem que constaria dum frustrado na profissão de alfaiate parlamentar ora com transtornos obsessivo-compulsivos... e que assim ia ganhando a vida!!!
Outra
embarcação sulcava o imenso mar tubuco...
O Ópus Ição, um drakkar xerifado pelo Doutor
Sarapico, homem admirador do colérico Capitão
Haddock, detentor dum ofício por cada remo, papeleiro e trolha nas horas vagas, de vastos conhecimentos em
ciências bélicas, praticante de esquizofrenia cibernética e exímio poliglota
que saindo derrotado na última estação autárquica, resolveu mandar
a tripulação à merda após a célebre Batalha das Tintureiras, deixando os
destinos do drakkar entregues ao Capitão Saciante, navegador dos cinco continentes que quanto mais ia conhecendo as pessoas,
tanto mais gostava de animais!
Também
o Mar de Tubucci era pagaiado por Tónho das Hérnias que capitaneando a sua
piroga Bé, de quatro em quatro anos ressurgia pelas estações autárquicas, driblando a ondulação
provocada pelas esteiras das outras embarcações que volta e meia o mandavam ao
charco... sem referir as peripécias com o polvo Aquijob’s que nessas alturas
lhe fazia a vida negra a partir da caverna subaquática dos Carôchos ou mais a montante, da caverna que se estendia do Delta do Taínho ao Vale das Morenas de onde ia libertando coliformes fecais e outros ácidos que se colavam na pagaia e corroíam o casco da Bé ao extremo de lhe aumentar o lastro e tirar velocidade devido ao coeficiente de atrito, deixando Tónho das Hérnias completamente encharcado e em posição desvantajosa perante as demais embarcações...
Por
exemplo quando Tónho das Hérnias
aportava ao açude para poder pregar os seus sermões aos peixinhos... logo o polvo Aquijob’s emergia das profundezas agitando os tentáculos em todas as direcções e recitando a seguinte lengalenga em voz gutural:
"Nã te vás ao mar, Tónho!
Nã te vás ao mar q'stá o mar ruim, Tónho!
T'á lá um bicho, Tónho, p'ra te comer, Tónho!
Ai Tónho, Tónho, que tã mal estimado és, Tónho!
Ai Tónho, Tónho, que nem meias tens p'rós pés, Tónho!..."
IntimidandoTónho das Hérnias a pagaiar em retirada...
A
Vermelhinha é outra das naus que
demandam as águas tubucas, actualmente liderada pelo fantástico Capitão Alvorada...
Sendo que as anteriores dirigências pouco mais
fizeram do que aferrar a nave ao cais só se
fazendo ao mar para manutenção e treino da tripulação que assim não se esquecia
das manobras de desatracação, fundeio e aportagem, evitando abalroar as
restantes embarcações, especialmente a Bé,
uma vez que a brisa sobrava sistematicamente a bombordo de ambas...
Vai
daí, enquanto o confidente e fidelíssimo abade Frei Serrano deu de frosques para junto de Dom Gualdim Paes...
...por se sentir enjoado durante as agitações marítimas, inseguro com as morteiradas que de vez em quando se faziam sentir e também devido à tribo dos Ofélias, mestres na arte do disfarce e da camuflagem que por não possuirem embarcações se movimentavam no dorso de gericos e em raid's relâmpago, a partir da costa atacavam a Aquilândia por apnéia, onde durante as escaramuças se lhes iam desprendendo bastantes apêndices capilares que os caracterizavam...
Foi então que Matri Harka e seu adjunto Gaiteiro resolveram aportar a nau Aquilândia ao Cais de Tubucci e à semelhança dos quatrocentos marinheiros portugueses
que nos quatro seguintes dias desembarcaram em Ceuta envergando uniformes de armas diferentes com o objectivo impressionista de intimidar o inimigo que por'li foi contabilizando mil e seiscentos homens, também
a querida líder resolveu percorrer todos os recantos do planeta Chisélle acompanhada do seu séquito aquinauta e de meia dúzia de fiéis
seguidores que tal como os padrões dos achamentos medievais,
foram marcando o território calcorreado.
Análogo ao escudo das armas
portuguesas e demais inscrições gravadas a cinzel nos padrões de granito,
como este pequeno trecho do processo imposto por Diogo
Cão na margem do rio Zaire...
...também
hoje pelos novos mundos vai Matri Harka e seu Gaiteiro, mandando espalhar cartazes com o símbolo do partido que a representa, sob o lema...
"Aqui somos mais próximos."
Há “Aqui qualquer coisa” distribuídos pelas rotundas e cruzamentos de todo o principado sob a jurisprudência do seu mandato...
...reforçando a ideia
que a plebe já possui a respeito de tratamentos circunstanciais entre vassalos aquilandes relativamente aos demais servos da gleba, como se novos mundos disputassem.
3 comentários:
O cidadão tem aqui um excelente conto, de envolvência extraordinária, onde está tudo dito. No sentido figurado é um retrato fiel do ambiente social e político que se vive nesta santa terrinha cada vez mais provinciana onde as pessoas se subjugam às sugestões da senhora presidente do município que muito se tem preocupado em promover as tendências, representando a mais primitiva agressão de ordem moral a quantos passam por dificuldades económicas.
Um pouco mais parca no consumismo e ficaria melhor na fotografia.
Que bela abordagem...
É pena este povão não abrir a pestana. Umas obrazecas de ocasião, uns brindes uns beijos e uns doces metem a carneirada ao caminho.
Fátima e Artur;
Disseram os comentaristas do programa Radar, da Rádio Antena Livre, o tal órgão de comunicação social subsidiado por um tentáculo do dito, que Abrantes não tem um polvo...
Pois claro!
Ali também não iriam assegurar que o tinha!
Só que agora, o polvo anda bastante mais escorregadio, simpático e prestável, numa estratégia que se vai tornando habitual a cada quatro anos...
O plafond económico do polvo para a campanha é que se nos afigura pujante face às restantes candidaturas!
Será talvez, um risotto de polvo!
Nada melhor para encher o olho ao povão!
Enviar um comentário